As reuniões, realizadas na sede da Schincariol, em Itu (SP), vararam a noite desde terça-feira. Mas, segundo fontes envolvidas com a operação, o clima entre os irmãos Schincariol e os japoneses já era bem mais amigável que no início das negociações, há dois meses, quando os três acionistas entraram na Justiça contra seus primos, Adriano e Alexandre Schincariol, para tentar impedir a venda do controle da empresa para a Kirin.
Advogados do escritório TozziniFreire e do banco UBS, que representaram a Kirin, reuniram-se inúmeras vezes com Gilberto Schincariol até que se chegasse, na última quinta-feira, a um acordo. Os papéis só começaram a ser assinados por volta das quatro horas da tarde e, ainda pela manhã, os assessores não tinham certeza se conseguiriam mesmo fechar o negócio.
Para a Kirin, a sensação foi de vitória e alívio. O valor pago pelos japoneses aos minoritários da cervejaria não fugiu do que os japoneses tinham em mente. Mas o acordo encerrou, sobretudo, com uma séria ameaça para o grupo japonês, a de ter de lidar com um sócio indesejado no Brasil, em sua primeira grande investida na América Latina.
A Kirin até esteve disposta a pagar uma soma maior aos minoritários da Schincariol para solucionar a disputa, segundo apurou o iG. Mas, depois da decisão da Justiça, em outubro, que favoreceu a Kirin, os irmãos perderam força nas negociações, diz uma fonte do setor, especializada em fusões e aquisições.
Em agosto, a Kirin pagou a Adriano e Alexandre Schincariol, primos de Gilberto, quase R$ 4 bilhões em dinheiro por sua participação de 50,45% no capital da cervejaria brasileira. Gilberto e seus irmãos, provavelmente, acreditavam que poderiam receber uma quantia equivalente a que havia sido paga aos controladores. Ir à Justiça para impedir que seus primos vendessem o controle foi uma aposta, avalia uma fonte.Foto AE
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