O promotor de Justiça do Tribunal do Júri de Belo Horizonte, Francisco de Assis Santiago, e familiares do torcedor cruzeirense Otávio Fernandes, 19 anos, assassinado em 27 de novembro do ano passado, estão revoltados com a soltura de cinco torcedores da torcida organizada Galoucura acusados pelo crime.
No dia, Fernandes, que era ligado à Máfia Azul, maior organizada do Cruzeiro, foi espancado por um grupo de torcedores atleticanos na saída de um evento de luta livre em um ginásio na região centro sul da capital mineira.
A decisão foi tomada nesta terça feira pelo juiz sumariante do 2º Tribunal do Júri, Maurício Torres Soares. O magistrado entendeu não haver argumentos concretos na denúncia do Ministério Público para manter todos os acusados presos e ainda argumentou que o inquérito feito pela Polícia Civil do Estado não mostra clareza.
Santiago disse que vai recorrer ao Tribunal de Justiça contra a decisão do juiz. "Se eu denunciei é porque que eu tenho convicção que eles permanecessem presos. Essa decisão é o entendimento do juiz. A nossa briga com os magistrados é através de recursos, mas, na minha opinião, ele errou. Não é possível que, após assistir às imagens, ele não tome a decisão de mantê-los presos", disse.
Os cinco indiciados foram liberados na madrugada dessa quarta de um presídio na região oeste de Belo Horizonte. Entre eles, o presidente da torcida, Roberto Augusto Pereira, o Bocão; o vice-presidente, Willian Tomaz Palumbo, o Ferrugem; além dos diretores Marcos Vinícius Oliveira de Melo, o Vinicin; Josimar Júnior de Souza Barros, o Avatar; e Mateus Felipe Magalhães, o Tildan.
Uma declaração irônica do vice-presidente da Galoucura logo após a sua liberação do presídio irritou ainda mais os familiares da vítima. Ferrugem mandou um abraço aos companheiros da cela onde ficou detido, e entrou no carro para ir embora comemorando a liberdade: "somos inocentes. E um abraço para o pessoal da cela 15".
O irmão gêmeo de Otávio Fernandes, Gustavo Fernandes, também ficou inconformado com a decisão da justiça. "Essa situação seria diferente se tivéssemos dinheiro. Essas pessoas (torcedores atleticanos) não são seres humanos. Têm que estar na cadeia. Eles saíram todos rindo, mandando abraço pra pessoas da cela. Eu não posso implorar na porta do fórum porque não vai adiantar nada", disse.
A tia do torcedor cruzeirense, Maria da Graça Fernandes, contou que a família, que mora em Montes Claros, no norte do Estado, ainda está em estado de choque com o crime.
"Foi uma coisa muito chocante, muito triste. Temos tanta resistência à pena de morte, mas isso que aconteceu com o meu sobrinho foi pior do que a pena de morte. Cada vez que vejo as imagens, fica mais arrasada", desabafou.
"O que a família quer é justiça. Eu fico impressionada como um juiz põe na rua pessoas que mataram. Mataram meu sobrinho. São elementos que oferecem risco para a sociedade. Se esses rapazes ficarem impunes, o que vai ser da nossa sociedade", questionou. Informações de Terra.com
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