> TABOCAS NOTICIAS : Neofilia; psicanalista explica traço de personalidade de quem é obcecado por novidades

sexta-feira, 28 de março de 2025

Neofilia; psicanalista explica traço de personalidade de quem é obcecado por novidades

Perder o interesse por algo, ao perceber que “deixou de ser uma novidade”, é um tipo de comportamento e hábito, muito comum entre as pessoas. Culturalmente, somos incentivados a desejar sempre o mais novo, o mais recente e o mais incrível.

Porém, quando essa busca pelo novo se torna uma obsessão e a pessoa só sente prazer e motivação por novidade e perde o interesse muito fácil, ela pode estar desenvolvendo um tipo de traço de personalidade que chamamos de Neofilia.


Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, a neofilia não é considerada um transtorno psicológico, mas uma tendência comportamental que identifica e classifica indivíduos que estão sempre em busca de novas experiências, tecnologias, ideias ou projetos, sempre potencializados pela impulsividade


"No entanto, quando a novidade acaba, dando espaço para a rotina em um ciclo de repetições, o prazer vai embora e entra em cena a frustração e o desânimo", explica a especialista.


Segundo Andrea, os Neófilos – pessoas que sofrem com a Neofília – são inconformistas e costumam estar em constante busca por estímulos e motivações diversas para alimentar o próprio prazer. Odeiam rotinas e padrões e sofrem quando não conseguem enxergar novidade no que estão fazendo ou planejando.


"No entanto, podemos destacar que a Neofilia não possui apenas aspectos negativos. Ela provoca o que chamamos de “pulsão de vida” que é o que faz o indivíduo se sentir vivo, produtivo e capaz de ser um instrumento de realizações e mudanças. Nesse sentido, ele demonstra possuir altas habilidades criativas e inovadoras. Por outro lado, psicologicamente falando, são impulsivos e se frustram com muita facilidade, potencializando emoções e sentimentos conturbados como: tristeza, irritabilidade e perda de foco", diz.


Entenda os sintomas

Andrea complementa que esse entediar-se com atividades que não remetam à novidade, é um dos sintomas da Neofilia. Além disso, não estar satisfeito com a rotina e viver envolvido em mudanças constantes em diversos campos da vida, também são fatores consideráveis a serem observados.


"Outro ponto clássico é a dificuldade de se manter em relacionamentos fixos e prolongados, pois quando a relação cai na rotina, ela deixa de ser atrativa e prazerosa. Os Neófilos também estão sempre trocando de emprego e alternando hobbies e atividades em curtos espaços de tempo. E tanto o brilho nos olhos, quanto o foco, se perdem com muita facilidade, ao se ver envolvido em projetos únicos e de longo prazo. O prazer está no fato de assumir riscos que possibilitem experimentar o inédito, a todo custo" acrescenta a também neuropsicóloga.


Mas, como saber, em que momento, essa busca por novidades se torna um problema? Quando ela vira uma obsessão e apresenta uma intensidade que torna as conquistas rasas e temporárias.


A resposta segundo a especialista é quando a rotina se torna uma vilã e a insatisfação crônica começa a interferir nas escolhas e nas relações pessoais.


"Ou seja, tudo que é alicerçado em excessos, gera culpa e insegurança. E esse excesso de impulsividade pode revelar uma personalidade fóbica e avessa ao aprofundamento das relações humanas, comprometendo sua capacidade de manter compromissos e relacionamentos", afirma.


O tratamento para a Neofilia é a terapia e o autoconhecimento para descobrir onde estão os gatilhos que só revertem prazer se houver o “novo”.


"É preciso entender quais os padrões estão enraizados e os motivos pelos quais a estabilidade emocional e pessoal, de forma inconsciente, não fazem parte do comportamento do indivíduo.

Portanto, a leveza e o equilíbrio podem ser alcançados, através da autoconsciência e do desenvolvimento e planejamento de estratégias de autocontrole", finaliza.


Enfim, a Neofilia é mais comum do que se imagina e trabalhar a atenção plena com o objetivo de reduzir a impulsividade, a insatisfação e provocar a “vivência do agora”, sem sofrer pela busca constante do “novo”, são ações fundamentais para conseguir mitigar os efeitos negativos deste tipo de comportamento, de forma a estimular a criatividade e os desejos, através de hábitos saudáveis e estáveis.


"Portanto, o desejo intenso e excessivo por novidade, anda de mãos dados com a impulsividade e gera a dispersão e a desconexão consigo e com os outros", finaliza.                                                                              

· Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro


 Instagram: @dra.andrealadislau 

Nenhum comentário:

Postar um comentário