Por Mariëtte Le Roux, Amélie BAUBEAU*
AFP
Produto estético para a vagina apresentado em congresso sobre cirurgia plástica e estética em Paris, no dia 26 de janeiro de 2017
Confidencial há algum tempo, os tratamentos estéticos da vagina são cada vez mais populares, o que levanta questões sobre a percepção da "normalidade" e os riscos médicos envolvidos.
Em 2015, mais de 95.000 labioplastias (cirurgia e/ou injeções nos pequenos lábios vaginais) e mais de 50.000 vaginoplastias foram praticadas no mundo, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Estética (ISAPS).
Quase inexistentes há cinco anos, tais procedimentos ocupam agora o 19º e 22º lugar no ranking das operações mais praticadas.
Nos Estados Unidos, cerca de 9.000 labioplastias foram realizadas em 2015, 16% a mais que no ano anterior.
Esta intervenção consiste, geralmente, em reduzir o tamanho dos pequenos lábios a laser (fala-se também de ninfoplastia).
"Se você tivesse me dito sobre este tipo de procedimento nos anos 1980, eu teria o chamado de louco", admite Renato Saltz, cirurgião plástico perto de Salt Lake City (EUA) e presidente da ISAPS, entrevistado pela AFP.
"As mulheres se preocupam muito mais com a aparência de seu sexo", observa Nolan Karp, um cirurgião em Nova York e membro do conselho da ISAPS, que enxerga neste fenômeno a influência da internet.
"Antes da internet, quantas mulheres viam uma mulher nua em sua vida?", pergunta ele. De acordo com o cirurgião, as pessoas hoje em dia "compreendem melhor o que é normal, o que é belo e o que não é".
Uma "normalidade" difícil de estabelecer, uma vez que a aparência desta parte da anatomia feminina pode variar enormemente.
Se considerarmos como "normal" uma vagina onde os pequenos lábios "não ultrapassam" os grandes lábios, então apenas 20% das mulheres satisfaz este critério, reconhece Nicolas Berreni, ginecologista-obstetra em Perpignan, durante o congresso de medicina estética IMCAS em Paris.
"Uma vagina de Barbie"
Esta busca pela anatomia "perfeita" é "preocupante", considera Dorothy Show, ex-presidente da Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Canadá (SOGC).
A vagina apresentada como modelo "não tem nenhum pelo e é muito plana", como a das meninas. Uma aparência distante da realidade, diz à AFP.