Da France Presse
Mulheres precisam de autorização de tutor para trabalhar (Foto: Faisal Al Nasser/Reuters)
Milhares de sauditas assinaram uma petição que solicita o fim do sistema que obriga as mulheres a contar com a autorização de um tutor para trabalhar, estudar ou até mesmo viajar no reino ultraconservador.
A petição solicita ao rei Salman da
Arábia Saudita, que está no poder há 20 meses, a proibição do sistema de tutela dos homens sobre as mulheres no país.
A ativista Aziz Yusef informou à AFP que o documento recebeu 14.700 assinaturas.
Os organizadores da iniciativa pedem que as 10 milhões de mulheres do reino sejam tratadas como "cidadãs de pleno direito" e que seja fixada "uma idade para a maioria das mulheres a partir da qual serão adultas e responsáveis por seus próprios atos", disse Aziza al-Yusef.
A professora universitária aposentada afirmou que tentou, em vão, entregar na segunda-feira ao gabinete real a petição, que segundo ela será transmitida por e-mail.
Na Arábia Saudita, que aplica de modo rigoroso a lei islâmica, as mulheres precisam de autorização de um tutor para "trabalhar, viajar, consultar o médico, obter um documento de identidade ou passaporte" e, inclusive, para casar, recordam os signatários.
O reino também é o único país do mundo no qual as mulheres não têm o direito de dirigir.
O tutor, um filho
O tutor é, a princípio, o pai ou o marido, mas também pode ser um irmão, um filho ou um sobrinho.
Os ativistas destacam que até uma ex-detenta precisa de um tutor quando é libertada, o que significa que ela pode permanecer na prisão caso o protetor se recuse a recebê-la.
"Sofremos com este sistema de tutela", declarou Nasima al-Sadah, uma ativista da província Oriental.
A campanha foi lançada há dois meses no Twitter.
Yusef explicou que a campanha ganhou força após a publicação de um relatório da organização Human Rights Watch (HRW).
"O sistema de tutela masculina na Arábia Saudita é o principal obstáculo aos direitos das mulheres neste país, apesar das reformas limitadas da última década", advertiu a organização de defesa dos direitos humanos.
"Basta de humilhação, quero minha liberdade", escreveu uma internauta em um tuíte.
As militantes afirmam que obter a autorização de um tutor aberto não representa problemas, mas a dificuldade é que deve dar sua aprovação por escrito.
"É uma norma do governo, em vigor há 30 anos", lamenta Sadah.
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