Concluída a votação da primeira medida do ajuste fiscal, líderes da base governista e assessores presidenciais decidiram pedir a Dilma Rousseff a saída do ministro Manoel Dias (Trabalho), do PDT. As informações são da Folha de S. Paulo.
Na avaliação de aliados e ministros, a posição do ministro ficou insustentável depois que todos os 19 deputados do partido presentes à votação de quarta (6) traíram a presidente e votaram contra o texto básico da medida provisória 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas.
A insatisfação foi transmitida pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) a Dilma, que ficou de avaliar a questão nos próximos dias. A expectativa no Palácio do Planalto é que a presidente opte pela demissão de Manoel Dias para usar o caso como exemplo.
A decisão só deve ser tomada depois de concluída a votação das demais medidas do ajuste fiscal na Câmara. O governo precisa ainda votar a MP 664, que restringe benefícios previdenciários, e o projeto de lei que reduz as vantagens da política de desoneração da folha de pagamento.
Segundo um assessor palaciano, é admissível que haja traições em alguns partidos, como ocorreu em todas as siglas governistas, mas não é tolerável uma votação em bloco contra o governo, como ocorreu com o PDT.
“Não me cabe dizer qual é o futuro da bancada do PDT. Me cabe dizer o seguinte: base é base, tem que ser base de manhã, de tarde e de noite”, disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
O PT pretende assumir a pasta do Trabalho se Manoel Dias for demitido. O ministro mandou dizer, por meio de sua assessoria, que o voto contra o governo foi uma decisão da bancada, e não do partido. E que ele continua a favor da aprovação da MP.
Após muita confusão, a Câmara concluiu a votação da MP 665 nesta quinta, rejeitando todas as emendas que tentavam alterar o texto. A vitória governista ocorreu com margem mais folgada do que a de quarta, quando o texto principal da MP 665 foi aprovado por uma diferença de apenas 25 votos e com a ajuda de votos da oposição.
A MP segue agora para o Senado. A principal emenda desta quinta, do DEM, tentava anular o endurecimento das regras do seguro-desemprego. Por 258 votos a 195, o plenário manteve o texto. Assim como na quarta, o DEM registrou oito traições na votação de sua própria emenda.
‘DEPRIMENTE’
Entre as defecções estão dois dos mais enfáticos críticos do PT, o ex-presidente da sigla Rodrigo Maia (RJ) e o ex-líder da bancada José Carlos Aleluia (BA), que votaram novamente a favor do governo.