Foi com perplexidade que o polidor de automóveis Alexandre Lima Rafael, 40 anos, observou as fotos do acidente que sofreu nesta quarta-feira (24), na zona leste de São Paulo. Lima estava no carro que ficou prensado entre dois ônibus na avenida Mateo Bei, no bairro de São Mateus.
A destruição do veículo foi tão contundente que contraria a lógica a notícia de que os ocupantes tiveram ferimentos leves.
Para o polidor, há uma explicação: ele e a mulher, a auxiliar de produção Vânia Rafael, 35, foram salvos por um milagre. Em entrevista ao R7, poucas horas depois de ter alta médica nesta sexta-feira (26), Lima falou sobre os cerca de dez minutos em que ficou preso junto com Vânia nas ferragens.
— Foi um milagre de Deus. Nós temos muita fé em Jeová. Nessa hora, só ele poderia nos ajudar.
Ele contou que saiu para comprar um chinelo, porque iria viajar para casa de parentes no dia seguinte. Os filhos, Luiz Carlos e Alyson, aguardavam pelos pais no litoral do Estado.
— De repente, o ônibus avançou. Não sei o que aconteceu, porque eu estava parado no trânsito. Foi aquela pancada e não deu mais tempo de nada. Só vi o ônibus parando em cima de nós. Meu carro foi para frente e bateu em outro ônibus. Na hora, a única coisa que eu fazia era orar a Deus, pedindo para ele segurar aquele ônibus, para que não caísse mais e prensasse a gente. Fiquei também com medo de que o carro pegasse fogo.
Outra preocupação de Lima era manter a mulher consciente. Durante todo momento, conversava com ela e tentava acalmá-la.
— Falava para ela: “Aguenta, filha! Calma que o bombeiro vai chegar e vai nos tirar. Calma que vamos sair dessa”. Eu pedia a Deus e orava: “Por favor, Jeová, socorre a gente, segura esse ônibus”.
Ele relatou que, mesmo praticamente imobilizado, aproximou-se o máximo que podia de Vânia.
— Eu não conseguia chegar perto. Então, pegava do lado, próximo à barriga dela. Era o único lugar em que eu conseguia chegar.
Lima disse ainda que aqueles quase dez minutos “pareciam uma eternidade na hora do desespero”, e que mesmo após ser retirado das ferragens por integrantes do Corpo de Bombeiros, o alívio só veio quando soube que mulher havia sido socorrida. Ela recebeu alta do hospital na quinta-feira (25) à noite. A auxiliar de produção sofreu corte na testa e ferimento no braço.
— Quando saí, minha preocupação era com ela. Os bombeiros me tiraram primeiro. O lado dela foi o mais afetado. Nem sei como fizeram para tirá-la de lá.
Refeito do susto, ele revelou que ao conferir as imagens de como o carro ficou, se surpreendeu.
— Vi o ônibus em cima e não dava para ver praticamente nada embaixo dele. Fiquei chocado.
Para o polidor de automóveis e a mulher, o dia 24 de dezembro passou a ser uma data para se celebrar.
— Pela nossa crença, não comemoramos o Natal. Mas o feriado é sempre especial, porque vamos visitar nossos parentes. Então, para nós, era importante, e agora, será mais ainda. Quando melhorarmos, vamos fazer uma comemoração.
Na avaliação dele, a chance de ter se livrado de uma tragédia simbolizou um recomeço.
— É mais um pouco de tempo que temos para lutar e fazer o que é certo, levar o bem para as pessoas.
Fonte: R7 - Assista ao vídeo: http://www.netcina.com.br