AFP - Agence France-Presse
Maduro e seguidores foram da da Praça Venezuela à Assembleia Nacional. Foto: Juan Barreto/AFP.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o opositor Henrique Capriles lideraram neste sábado passeatas simultâneas em Caracas sob a bandeira da luta contra a corrupção.
Usando vermelho, a cor dos chavistas, milhares de partidários do governo marcharam na zona oeste de Caracas, da Praça Venezuela à Assembleia Nacional; enquanto isso, os opositores se concentraram na zona leste da capital, reduto da oposição, para evitar possíveis confrontos.
"Empreendi uma luta contra a corrupção. Aqui não há intocáveis, qualquer um pode cair, vamos co tudo para construir uma nova ética política. Seremos duro contra a corrupção e contra o capitalismo corruptor", gritou Maduro aos simpatizantes.
No outro extremo de Caracas, Capriles, governador do Estado de Miranda (norte), pediu aos venezuelanos que votem nas eleições municipais de dezembro para castigar o governo e atacou o chefe do parlamento, Diosdado Cabello. "É o mais corrupto do país!", afirmou.
Argumentando que se trata de "perseguição política", Capriles convocou a concentração depois que a maioria governista do parlamento retirou na terça-feira a imunidade do deputado opositor, Richard Mardo, acusado pelo governo de suposta fraude tributária e lavagem de capitais.
Em resposta, o governo convocou seus simpatizantes para uma "contramarcha" em defesa do que definem como a estratégia anticorrupção promovida por Maduro e em defesa do legado do falecido presidente Hugo Chávez.
Enquanto o governo saiu às ruas para defender a luta anticorrupção, os opositores se queixam da escassez que afeta o país, a insegurança cidadã e a inflação, que chegou a 25% no primeiro semestre, a mais alta da América Latina.
As últimas marchas e contramarchas que ocorreram em junho foram sem incidentes.
Depois das eleições de 14 de abril - na qual Capriles perdeu por 1,49 ponto percentual -, os opositores exigiram nas ruas a recontagem dos votos, em protestos que deixaram 11 mortos nas fileiras chavistas.
O governo responsabiliza os líderes da oposição por essas mortes.
A corrupção se transformou no novo campo de batalha entre o governo e a oposição na Venezuela, país que, segundo a organização Transparência Internacional, ocupa o lugar 165o. de uma lista que mede o desempenho de 176 países em termos de combate à corrupção.