O secretário de Justiça do Espírito Santo, presos e até mesmo pessoas que já morreram estão entre os classificados para a segunda fase do processo seletivo para vagas de agentes penitenciários no Espírito Santo. A lista foi publicada nesta terça-feira (29), no site oficial da Secretaria de Justiça do estado (Sejus), mas foi retirada no período da tarde.
O secretário estadual de Justiça, Ângelo Roncalli, ficou em terceiro lugar, pela relação. A lista também traz outros nomes curiosos, como Odessi da Silva Júnior, o Lumbrigão - acusado de matar o juiz Alexandre Martins - e Ricardo Cruz Macedo, que em 2008 foi preso por aplicar vários golpes no Espírito Santo. Até quem já morreu aparece como classificado: Victor Bueno Veloso de Oliveira é um vendedor de carros que foi morto em agosto deste ano, em Vila Velha. E no primeiro lugar, aparece o nome do senador.Em entrevista ao G1, Ângelo Roncalli afirmou que as inscrições foram feitas de má fé e a Polícia Civil vai apurar o crime eletrônico. Ele explicou que, como o número de inscritos tem crescido muito, o órgão adotou o sistema de processo seletivo eletrônico, devido aos prazos mais curtos, quando comparados aos de um concurso público, que demoraria até um ano para ser elaborado.
"Durante a inscrição pela internet, o candidato informa seus dados pessoais e qualificação, responde a algumas perguntas e é pontuado de acordo com suas respostas. No fim do prazo de inscrição, já temos uma lista com os classificados, que são convocados para a apresentação de documentos", disse.
Segundo Roncalli, o concurso será mantido e o sistema vai gerar os classificados. "Foi cometido um crime eletrônico. No sistema, consta que minha inscrição foi feita por volta de meio-dia de domingo (27). Mas isso não traz prejuízos à seleção, porque os classificados passam por uma investigação social e não poderiam apresentar a documentação necessária", informou. O secretário disse ainda que a lista voltará ao site, sem alterações.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Espírito Santo (Sindaspes), Paulo Cesar Buzzetti dos Santos, o fato é motivo de preocupação, porque expõe o sistema penitenciário capixaba. "Demonstra e comprova a fragilidade do processo de inscrição e seleção para o ingresso na função de agente penitenciário. Entendemos que isto não pode ocorrer. O assunto é sério, envolve a segurança pública e deve ser assim tratado", disse.
Segundo ele, a classe espera que as autoridades competentes determinem as providências cabíveis, a fim de evitar danos ainda maiores para o sistema penitenciário.