Por Fernando Duarte * BN
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A fuga de Alexandre Ramagem e a vigília convocada para a frente do condomínio em que o ex-presidente cumpria prisão domiciliar eram elementos fortes o suficiente para acender alertas à Polícia Federal. O rompimento da tornozeleira eletrônica foi a "cereja do bolo" para ensejar o pedido de prisão. Diante de todo o contexto, não basta que Bolsonaro seja inocente. Ele e o entorno dele precisam se comportar como tal. Sob o risco de serem, automaticamente, tratados como suspeitos - o que implica reafirmar que o ex-presidente ainda não é culpado. Tanto que não houve antecipação do cumprimento da pena de 27 anos, mas a decretação da preventiva por risco iminente de fuga.
É certo que apoiadores de Bolsonaro o transformaram em vítima de perseguição, enquanto, na verdade, se ele se comporta como líder da coitadolândia. E, por muito pouco, com a vigília convocada por Flávio Bolsonaro, não se viu a cena do pai dele carregado nos braços dos aliados, para recriar a imagem carregada de semiótica que vimos em 2018, quando o então também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso no ABC Paulista. Não nos enganemos achando que a história não se repete. Nesse caso, mudam-se somente os personagens para a construção das narrativas que importam para os envolvidos - e, frise-se não estou comparando os processos, apenas mostrando as similaridades estratégicas.
Com a prisão de Bolsonaro - ainda que preventiva -, é preciso esperar para ver se a promessa de convulsão social feita por bolsonaristas há de se cumprir. Todavia, não apostaria alto nessa perspectiva. Aos poucos, ao longo dos últimos meses, o ex-presidente se tornou bem menor do que era por conta das barbeiragens do entorno mais próximo (leia-se, principalmente, o filho Eduardo). E, apesar de parte da população e quase toda a esquerda comemorarem, não é um grande dia. Afinal, temos mais uma figura relevante da história política do país indo cumprir pena em regime fechado. Nem tudo é oito ou oitenta.
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