Presidente da Câmara pressiona governo para evitar impacto nas empresas, 'risco sacado' permite antecipar pagamentos com garantia da empresa compradora
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REPUBLICANOS - PB)
Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados
Rafael Porfírio -- SBT

Até o momento, essas operações não eram taxadas. Funciona assim: o fornecedor adianta o valor a receber por meio do banco, enquanto a empresa compradora assume o compromisso de quitar a dívida no prazo combinado. A prática é comum no mercado para garantir fluxo de caixa tanto para quem vende quanto para quem compra.
A assessoria de Hugo Motta disse ao SBT News que o pedido já foi enviado à equipe econômica, mas ainda não houve resposta. O Congresso deu ao governo um prazo de apenas dez dias para apresentar uma alternativa ao aumento, enquanto a medida entraria em vigor já em 1º de junho.
Para o governo, o aumento do IOF sobre o risco sacado faz parte do esforço para cumprir a meta fiscal de 2025, uma prioridade da equipe econômica. Na sexta-feira (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estiveram reunidos no Palácio da Alvorada fora da agenda oficial, mas até o momento não foi anunciada nenhuma solução alternativa.
Além da alta do IOF, o governo também discute a possibilidade de elevar a taxação sobre as apostas online, as chamadas bets, mas o tema enfrenta resistências e ainda não há consenso dentro da base.
O desfecho desse embate terá repercussões não apenas econômicas, mas também políticas, já que mexe diretamente na relação entre Planalto e Congresso e testa a capacidade do governo de construir acordos em meio a um ano fiscal desafiador.
O mestre em economia pela PUC-SP, Luccas Saqueto, avaliou a disputa ao SBT News. Ele alertou que o aumento do IOF no 'risco sacado' pode afetar negativamente o planejamento tributário das empresas e o desempenho econômico do país.
“O risco sacado é uma operação bastante usual. As empresas que planejam investir e contratar levam em conta o custo das operações de crédito. Esse tipo de aumento de imposto é muito ruim para o conjunto da economia. O governo deveria buscar alternativas como corte de gastos, desengavetar a reforma administrativa, mexer no fundão eleitoral ou até rever bloqueios no orçamento. Falta, talvez, vontade política e diálogo entre os poderes para chegar a um resultado melhor.”
Na avaliação de Luccas Saqueto, o ideal seria usar a pressão do Legislativo como oportunidade para construir uma solução alternativa e evite prejuízos para a economia.
“Eu acho que essa pressão que o presidente da Câmara está fazendo sobre o governo é mais um capítulo dessa novela das disputas entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Apesar disso, é bem-vinda. Cabe ao governo usar essa oportunidade para sentar com o Legislativo, colocar opções na mesa, mesmo que tenham custo político, mas que tragam benefícios econômicos,” destacou.
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