Foto: Sociedade Brasileira de medicina tropical / Divulgação
Um artigo divulgado no repositório medRxiv apontou que a epidemia atual da febre oropouche tem capacidade de se replicar até 100 vezes mais do que a original, que aconteceu na década passada, e teria a capacidade de evadir parte da resposta imune. A pesquisa mostrou ainda que houve um aumento de quase 200 vezes na incidência dos casos, em comparação com a última década.
Segundo o estudo, a enfermidade registrou um crescimento substancial de casos entre novembro de 2023 e junho de 2024 no Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia. Nos estados brasileiros foram detectadas infecções em áreas que não eram consideradas endêmicas anteriormente.
A volta desses casos foi investigado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo (USP), do Kentucky, do Texas (Estados Unidos) e da Federal de Manaus (Ufam), além do Imperial College London (Reino Unido) e da Federal Manaus (Ufam), além do Imperial College London (Reino Unido) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo publicação da Agência Fapesp, os cientistas combinaram dados genômicos, moleculares e sorológicos de OROV do período entre 1º de janeiro de 2015 e 29 de junho deste ano.
Foi testado por PCR um grupo de 93 pacientes do Amazonas com doença febril não identificada e negativos para Malária, entre dezembro de 2023 e maio de 2024, no primeiro passo da pesquisa. O resultado foi positivo em cerca de 10,8% dos casos e, posteriormente, o soro de sete pacientes em culturas de células foi isolado.
Em sequência, as situações isoladas foram utilizadas para analisar a capacidade de diferentes células serem replicadas. A capacidade de ambos os vírus serem neutralizados por anticorpos presentes no soro de camundongos previamente infectados com o OROV e de humanos convalescentes para linhagens anteriores, diagnosticados com a enfermidade.
Para isso, foi feito um teste de neutralização por redução de placas (PRNT50), que mede a redução do número de partículas virais viáveis formadas após a incubação com diferentes diluições do soro dos pacientes ou de camundongos.
“Percebemos que o novo OROV apresenta replicação aproximadamente cem vezes maior em comparação com o protótipo”, explica Gabriel Scachetti, pesquisador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve) da Unicamp e um dos autores do estudo.
“Também infectamos camundongos com as duas cepas e vimos que o vírus antigo não protege contra o novo – a redução na capacidade de neutralização foi de pelo menos 32 vezes”, completa Júlia Forato, pesquisadora do Leve.
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