Segundo o IBGE, o percentual é 45,1% maior do que nos cidadãos em geral (12,6%)
Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO
A Bahia tem 56.612 quilombolas com 15 anos ou mais que não sabem escrever um simples bilhete. Eles representam 18,3% das 309.736 pessoas autodeclaradas no Censo Demográfico de 2022. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), nesta sexta-feira (19), e a taxa de analfabetismo é a 9ª maior do país. Correio da Bahia
O Censo apontou também que existe na Bahia 48 territórios quilombolas oficialmente delimitados, que esse é o 3º menor percentual do Brasil, atrás de Maranhão (5.354) e Pará (4.345), e que nesses locais a taxa de analfabetismo é ainda maior, sobe para 21,4%.
Em Salvador, 15.897 pessoas de autodeclararam quilombolas durante o censo. Desse total, 13.390 tem 15 anos ou mais, sendo que 1.083 ou 8,1% não são alfabetizados. A taxa de analfabetismo entre quilombolas soteropolitanos é mais do que o dobro da verificada para a população em geral na capital (3,5%) e a 5ª maior entre as 22 capitais onde havia presença de quilombolas.
Na Bahia, 308 municípios têm presença de quilombolas. A situação mais crítica é em Campo Formoso, no Centro-Norte, onde das 2.149 pessoas ou 22,4% autodeclarados têm 15 anos ou mais de idade e não sabem ler nem escrever um bilhete simples. A cidade também se destacou por ter o 3º maior contingente de quilombolas não alfabetizados do país, atrás dos municípios maranhenses de Itapecuru Mirim (2.712) e Alcântara (2.336).
Entre os baianos, mais da metade da população quilombola acima de 65 anos não sabe ler nem escrever (53,4%). Nos territórios delimitados a taxa é de 60%, e na população em geral o percentual é de 36,7%. Em todas as situações a taxa de analfabetismo é maior entre os homens. O superintendente do IBGE na Bahia, André Urpia, informou que novos dado sobre essa população ainda serão divulgados.
“Temos vários recortes que ainda precisam ser feitos. A partir de novembro começamos a divulgar, por exemplo, o que são dados rurais e o que são dados urbanos. O que pode não fazer muita diferença em Salvador, mas é muito importante para municípios do interior. Vamos saber a escolaridade, o tempo de deslocamento dessa população para ter acesso a serviços, qual a renda média, enfim, muita informação que pode ajudar o poder público e a iniciativa privada na tomada de decisões”, explicou.
No Brasil o analfabetismo entre os quilombolas é de 19%. Das 1.015.034 pessoas autodeclaras 192.715 estão nessa situação. As maiores desigualdades entre as taxas de analfabetismo dos quilombolas comparado a população em geral estão no Nordeste, nos estados de Pernambuco (25,9% entre quilombolas e 13,4% na população total), Ceará (26,4% e 14,1%) e Alagoas (29,8% e 17,7%, respectivamente).
Confira o ranking do analfabetismo nas populações quilombolas:
Alagoas (29,3%)
Piauí (28,3%)
Paraíba (26,9%)
Ceará (26,3%)
Rio Grande do Norte (24%)
Sergipe (23,7%)
Maranhão (22,2%)
Bahia (18,2%)
Tocantins (16,5%)
Minas Gerais (16,2%)
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