Por Júlia Moura | Folhapress
Foto: Tony Winston / Ministério da Saúde
As companhias aéreas brasileiras vão precisar comprar aviões da Embraer como contrapartida de um financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), afirmou nesta sexta-feira (19) o presidente do banco, Aloizio Mercadante
"O BNDES não tinha como financiar sem resolver o problema da garantia, e a equação que foi feita é usar o fundo da aviação civil como garantia para darmos crédito. Agora, tem que ter uma contrapartida. Qual é a contrapartida? Comprar aviões brasileiros da Embraer, porque só em torno de 12% da frota de aviões dessas empresas são Embraer", disse Mercadante durante o anúncio de uma linha para a fabricante de aviões brasileira.
Ainda segundo Mercadante, o acordo das aéreas comprarem mais aeronaves da Embraer já estaria bem avançado.
"Nós temos sigilo comercial, não vou entrar em detalhes, mas as três empresas estão bem avançadas na perspectiva de voarem Embraer. Algumas dependem da sua matriz, como no caso da Latam, mas há uma conversa, contrapartidas e outras coisas que estão sendo discutidas."
Apesar de as companhias ainda sofrerem o impacto econômico da pandemia, especialmente a Gol, em recuperação judicial nos Estados Unidos, há uma forte demanda por voos em meio à escassez de aeronaves, o que encarece o custo das viagens.
"As empresas de aviação no Brasil estão com desempenho muito bom. O mercado voltou forte, os aviões estão voando com uma demanda muito intensa, o turismo voltou no mundo, no Brasil batemos o recorde de turistas estrangeiros. Agora, elas têm o passivo da pandemia", disse Mercadante.
Com a alta demanda, e problemas na concorrente Boeing, a Embraer viu suas encomendas saltarem 20% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, para US$ 21,1 bilhões, o maior valor em sete anos. Para suprir a demanda e substituir os funcionários contratados pela Boeing, a companhia brasileira está empregando 900 funcionários.
"Precisamos apoiar essas empresas, mas elas precisam comprar avião da Embraer. Essa é uma posição fundamental para todo o esforço que o governo está fazendo, de repactuar o passivo fiscal, de financiar [as aéreas]. A contrapartida é gerar emprego, impostos, inclusive para fortalecer as finanças públicas, o que é um grande desafio", disse Mercadante.
Nesta sexta, o BNDES anunciou o financiamento à exportação de 32 jatos E175 da Embraer, com 76 assentos, para a American Airlines.
Serão R$ 4,5 bilhões na linha de crédito Exim Pós-embarque, voltada para a comercialização de bens nacionais destinados à exportação.
No início do ano, a companhia dos EUA anunciou um pedido de 90 jatos E175, com direitos de compra de outros 43 jatos do modelo. Caso todos os diretos de compra sejam exercidos, o acordo deve superar os US$ 7 bilhões, estima a Embraer.
"O BNDES é o maior parceiro da Embraer e já apoiou a exportação de mais de 1.300 aeronaves desde 1997. São financiamentos que ultrapassam a soma de US$ 25 bilhões ao longo dos anos", disse Mercadante.
Além da linha de crédito para exportações, em fevereiro o BNDES concedeu financiamento de R$ 500 milhões para a empresa desenvolver novos produtos, processos e tecnologias digitais para ganhos de eficiência, produtividade e, também, para mobilidade aérea sustentável, com foco em transição energética e redução das emissões de carbono.
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