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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Discurso de ódio tem afastado mulheres dos cargos políticos, sinaliza Cármen Lúcia

Por Camila São José
Foto: Camila São José / Bahia Notícias
A três meses das eleições municipais, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, sinaliza que o discurso de ódio e a violência de gênero tem afastado as mulheres de disputarem cargos políticos, seja no executivo ou no legislativo. A avaliação da ministra foi feita nesta segunda-feira (22), durante a abertura da 4ª Conferência da Mulher Advogada, realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA), no Centro de Convenções de Salvador. Bahia Notícias
A ministra relatou ter recebido contato de mulheres que já decidiram não concorrer ou tentar a reeleição no pleito de outubro, por conta do cenário de violência.

“O discurso de ódio é cortado também como se fosse uma métrica única, é completamente diferente quando se trata de homem e de mulher. Uma coisa é o ódio contra o homem, que é o mesmo tipo de adjetivação que nós conhecemos [...]. Para as mulheres são discursos sexistas, machistas, misóginos, que desmoralizam a mulher, suas famílias e impedem que o parceiro possa nos estimular a continuar nessas posições, que impedem que a filha ou filho possa ir à escola”, frisou Cármen Lúcia.

A presidente do TSE afirmou que o “discurso de ódia” está vencendo, porque desestimula cada vez mais a participação feminina na política. “Porque nós temos o sentido de cuidado com o outro e você não quer que a sua escolha profissional recaia sobre a sua filha que não pode ir mais à escola porque atribuem à mãe dela situações embaraçosas e morais”, reforçou.

“Isso está valendo para essas eleições, para daqui a 70 dias. Teme-se não a diminuição de mulheres que queiram disputar, mas de mulheres que não querem disputar porque o ônus que se paga por ser mulher nesse espaço acho um veio, achou uma cunha pela qual entrar pela desmoralização, pelo temor que se incute a elas, fazer com que haja esse afastamento”, alertou.

DADOS
Embora sejam maioria do eleitorado nacional, 53%, e as mais assíduas nas votações, as mulheres ainda são minoria nos cargos eletivos. Em 2020, conforme levantamento feito a partir de dados estatísticos divulgados pelo TSE, apenas 45 cidades entre as 5.568 que realizaram as eleições municipais tinham a maioria de mulheres ocupando cadeiras nas Câmaras de Vereadores.

Esse número não chega a 1% do total de municípios que participaram do pleito. De acordo com os dados, sete em cada dez cidades onde há essa maioria feminina têm população menor do que 15 mil habitantes, como aponta o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na outra ponta, os municípios com menor participação feminina nas Câmaras Municipais, entre 20% e 30%, estão em maior número. Ao todo são 1.384 cidades com média populacional de 9.513 habitantes.

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