Por Edu Mota, de Brasília
Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária do Banco Central deve manter o ritmo de cortes da taxa básica de juros nas próximas reuniões, provavelmente de 0,5% a cada encontro. É o que afirma a Ata do Copom divulgada nesta terça-feira (8). O documento, aguardado com ansiedade pelo mercado financeiro, sinaliza que o percentual de redução da Selic decidido na última reunião do Copom, na semana passada, marcaria o ritmo apropriado para manter a política monetária em sintonia com o processo de queda da inflação.
“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50% nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, afirma o documento.
O boletim Focus divulgado nesta segunda (7) revelou que os analistas de mercado já precificavam essa intenção do Copom em fazer novos cortes de 0,5% na Selic até o final do ano. No boletim desta segunda, o mercado reduziu sua estimativa para a taxa básica de juros de 12% para 11,75%. Esse percentual seria alcançado com cortes de 0,5% nas três reuniões do Copom que serão realizadas até o final de 2023, totalizando 1,5% de redução.
A Ata do Copom não apenas reforça a intenção de manter os cortes de 0,5% na Selic nas próximas reuniões, como afirma que, no momento, não há perspectiva de elevação nesse ritmo de redução dos juros. O Copom avalia que o cenário da economia brasileira “ainda inspira cautela”, o que reforçaria a necessidade de o comitê manter uma postura de “serenidade e moderação” na redução da Selic.
“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”, explica o Copom na Ata divulgada nesta terça.
Para os membros do Copom, o ambiente externo ainda é incerto, com início de desinflação em curso, mas com núcleos elevados, desaceleração gradual da atividade e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. “Tal postura segue demandando maior cautela na condução das políticas econômicas particularmente por parte de países emergentes”, reforça o documento.
Já no âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual da atividade. “De modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, cita a Ata.
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