por Lucas Arraz
Em 2020, o Brasil passará novamente por eleições. Nas mais de 5.500 cidades dos 26 estados da federação, 336 pré-candidaturas se identificam como pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais e demais identidades não hegemônicas, apontou um levantamento da Aliança LGBTI+. O número corresponde a 0,07% do total de candidatos nas últimas eleições municipais de 2012.
O grupo responsável pelo levantamento mapeia as candidaturas por meio de um formulário que aceita inscrições de postulantes da comunidade e aliados. Na Bahia, o grupo já contabilizou pelo menos 30 pré-candidatos LGBTI+ para o cargo de vereador. São 11 homens gays (36,7%), 10 lésbicas (33,3%), 5 transexuais e travestis (16,7%), 3 bissexuais (10%) e um de outras orientações (3,3%).
A maior parte das candidaturas ao Legislativo está em Salvador são, 15 no total (50%). As outras estão distribuídas em Lauro de Freitas (13,3%), Ilhéus (6,7%), Castro Alves (3%), Cruz das Almas (3%), Entre Rios (3%), Feira de Santana (3%), Itabuna (3%), Nova Fátima (3%), Paulo Afonso (3%), Planaltino (3%) e Simões Filho (3%). Nenhuma candidatura ao Executivo foi registrada.
Entre os nomes que foram mapeados estão a artista transsexual Leo Kret, o Rei Momo Renildo, a artista Fabety Santana e a drag queen Petra Peron, pré-candidatos a uma vaga na Câmara Municipal da capital baiana.
O partido que mais registrou pré-candidaturas LGBTI+ foi o PT (6), seguido pelo PSB (5), PSOL (4), e PDT (2). Quase a totalidade dos pré-candidatos inscritos se diz de esquerda ou de centro-esquerda (67%) em comparação com os que se assumem de direita (10%). Outros 3% não indicaram em nenhum espectro político.
ADESÃO BAIXA DA POPULAÇÃO TRANSGÊNERA
No comunicado em que divulga o formulário para inscrição de pré-candidaturas LGBTI+, a Aliança destaca a ineficiência do Poder Legislativo brasileiro em assegurar direitos à comunidade. “Boa parte dos avanços para população LGBTI+ veio do Poder Judiciário ao longo dos últimos anos. É de suma importância a representatividade nos espaços de poder, até mesmo para provocar o debate em todas as esferas políticas, pois a instalação do debate, da voz, só acontece através de um mandato, a representatividade isso permite”, pontua.
Entre os candidatos mapeados em todo o Brasil, outro dado chama atenção: são 56% de pré-candidaturas de homens gays contra 44% de todas as outras identificações.
Pré-candidata a vereadora pela Bancada de Todas as Lutas em Salvador, Yuna Vitória alertou para a importância da presença de mais nomes população transgênera no ranking e nas urnas.
“Veja, nós vivemos em um dos países que mais matam pessoas LGBTS no mundo. É preciso dar enfoque à população transgênera no ranking, sendo a que se encontra em maior vulnerabilidade. Nesse cenário, onde somos retratados de maneira pejorativa perante a sociedade, fica difícil estabelecer uma disputa em igualdade no sistema eleitoral. Enquanto qualquer candidato não-LGBT só precisa ser carismático e ter bons projetos, nós precisamos, antes, vencer a barreira do preconceito para tentar de algum modo convencer a população a acreditar em nós”, falou.
A pré-candidata também ajudou a explicar o número baixo de pré-candidaturas. “A população não acredita em nosso potencial e nós também já não acreditamos tanto na política partidária como campo de disputa. O legislador brasileiro é uma figura omissa para as agendas da diversidade sexual e de gênero, todos o poucos avanços que tivemos de décadas para cá vieram precariamente via judiciário. Acho que de algum modo a população LGBT anda descrente desse lugar enquanto transformador”, completou.
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