por Fernando Duarte
Diferente de anos anteriores, o São João não será palco para o tradicional cortejo de políticos em troca de votos. Sem as festas, não há espaço para que prefeitos e vereadores busquem o capital político da promoção de grandes eventos, enquanto as cidades vivem às moscas o resto do ano. Além deles, que tentam a eleição ou a reeleição em 2020, o período junino é o momento em que deputados visitam as bases eleitorais para serem vistos e lembrados. Vai ficar pra próxima!
A pandemia do novo coronavírus tirou do nordestino uma de suas das festas mais populares. É como se o período junino fosse o momento em que os problemas ficassem guardados na geladeira, para celebrar o calor humano em torno das fogueiras e dos costumes familiares. Infelizmente, com a curva ascendente da Covid-19 em boa parte do interior, não há espaço para comemorações. A alma sai ferida. O consolo é que ninguém vai se deparar com políticos tentando aparecer utilizando uma tradição popular.
Essa suspensão da festa pode servir de aprendizado para que, a partir do próximo ano, a população fique mais atenta para evitar aproveitadores. Os festejos são pagos com recursos públicos, mas ainda assim há quem tente capitalizar a realização dos eventos. Quem nunca viu um prefeito subir no palco e dançar ao som da principal atração da noite na expectativa de ser ovacionado? Em 2020, isso não vai acontecer.
Será que esses políticos serão lembrados nas próximas eleições? Vai depender muito da forma como eles se comportam no enfrentamento à pandemia do coronavírus. Como é tudo muito novo, não dá para medir os impactos eleitorais da Covid-19. Uma coisa é certa: a crise pode ser decisiva para assegurar ou negar a continuação de mandatos - ou de grupos políticos no comando das prefeituras. A ausência de festejos juninos é apenas mais um problema do ponto de vista eleitoral. Mesmo que nenhum dos envolvidos admita publicamente.
Até queria que essa realidade da falta de ascendência dos políticos nas festas de São João fosse mantida para os próximos anos. De qualquer sorte, a pandemia provocou essa mudança do calendário eleitoral nordestino em 2020. Tomara que sirva de exemplo para quem usa uma tradição para se capitalizar para as urnas. E para que a população consiga enxergar a melhor maneira de lidar com os virtuais aproveitadores que aparecem apenas nas festas.
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