Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que o vírus da zika pode ser capaz de inibir a proliferação das células do câncer de próstata. Os testes foram feitos com amostras de células in vitro de um tipo específico de câncer de próstata, o adenocarcinoma.
Segundo o professor de Farmácia Rodrigo Ramos Catharino, que coordenou as pesquisas, a escolha desse tipo de célula tumoral se deu pelo fato de esse ser um dos mais comuns, além de ser a forma mais agressiva de câncer de próstata. “Seguimos a ideia de que, logicamente, se o zika resolvesse a forma mais agressiva, as outras formas também seriam possíveis de serem curadas e/ou tratadas”, explica ao jornal o Globo.
As amostras do vírus foram obtidas a partir de um paciente infectado no Ceará em 2015. Após o cultivo em laboratório, o vírus foi aquecido a uma temperatura de 56ºC para que sua potencialidade inflamatória fosse eliminada.
Depois disso, uma cultura de células tumorais foi colocada em contato com o vírus inativado. De acordo com os estudos, a análise feita após 48h mostrou que a cultura exposta ao vírus da zika apresentou um crescimento 50% menor que a amostra que não entrou em contato com ele.
Segundo Catharino, isso acontece porque o vírus modifica o metabolismo do tumor, produzindo substâncias nocivas que fazem as células entrarem em "estresse", uma espécie de colapso que levam as partículas à morte.
Os resultados do trabalho foram publicados na revista científica americana “Scientific Reports”. Ele envolveu mais de dez pesquisadores de diferentes áreas durante cerca de um ano e meio e contou com recursos públicos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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