Debora Ghelman, especializada em Direito de Família, tem obtido sucesso aplicando a Teoria dos Jogos que rendeu a John Nash o Nobel de matemática em 1994
Você conhece a Teoria dos Jogos? Se você assistiu “Uma Mente Brilhante”, filme vencedor do Oscar de 2001, estrelado por Russell Crowe, é provável que já tenha ouvido falar deste ramo da matemática. O longa conta a história de John Nash, estudioso considerado gênio que, com apenas 21 anos, obteve seu doutorado com a famosa teoria. Anos mais tarde o trabalho lhe renderia o Nobel de Matemática.
Para quem não sabe, a teoria consiste em estudar o comportamento humano a partir de ações tomadas pelas pessoas em momentos em que uma decisão específica é fundamental para a vida daquele participante.
No jogo, as pessoas devem escolher diferentes ações dentro de situações hipotéticas para melhorar seu próprio desempenho e, assim, obter o máximo em benefício próprio. Em alguns casos, esse retorno pessoal pode vir através da melhoria coletiva e não apenas individual. Já em outros, pode significar piora coletiva.
Seu uso começou a se expandir na década de 1930 depois da publicação de “The Theory of Games and Economic Behavior”, de John von Neumann e Oskar Morgenstern, autores que propuseram o seu uso fora da matemática.
Dilemas que vão além da matemática
Essas são algumas perguntas levantadas desde que a teoria foi desenvolvida. E ela vem ganhando espaço em diversos ramos profissionais além da matemática e economia, como filosofia e jornalismo e também na advocacia. Especializada em Direito Humanizado, a advogada Debora Ghelman é uma das que faz uso da teoria em seus casos. Ela acredita que a melhor forma de exercer a sua profissão é através da mediação de conflitos. E, segundo a especialista, os questionamentos propostos têm sido aliados, principalmente na resolução dentro do Direito de Família.
“Eu sempre busco a resolução pacífica dos conflitos, evitando litígios que desgastam o processo e brigas, disputas e conflitos evitáveis. Então, a Teoria dos Jogos é fundamental, pois é colocar as partes envolvidas na situação do outro, criando empatia pelos questionamentos, dúvidas e medos de todos. É muito eficiente, por exemplo, em casos de disputa de pensão alimentícia ou guarda dos filhos”.
Nesses casos, muitas vezes, o casal em disputa pelos filhos acaba depositando confrontos e mágoas que têm mais a ver com o relacionamento entre eles do que com o direito ou não da guarda, explica a especialista. “Em momentos assim, a teoria é importante por fazer com que cada um se coloque no lugar do outro e entenda as motivações das brigas. Em geral, fica claro que aquele conflito é desnecessário e que é melhor para todos que as coisas sejam resolvidas da forma mais pacífica possível”, exemplifica.
Teoria para além das disputas de família
Mas a especialista ainda vai além. Em casos em que o litígio é inevitável, ela procura aplicar o ‘jogo completo’, envolvendo todos os participantes do processo, incluindo o juiz e o advogado da outra parte.
“Temos que estudar cada um para ter uma boa estratégia dentro do jogo e táticas que vão funcionar na hora do julgamento, pensar na posição que cada um vai estar naquele cenário. Qual costuma ser o posicionamento daquele juiz em processos semelhantes, por exemplo. É preciso se colocar na posição de cada um”, afirma.
Segundo ela, conhecer a Teoria dos Jogos é fundamental na prática da profissão. “Eu sempre vou defender os interesses do meu cliente e acredito que a melhor forma de fazer isso é mediar conflitos, evitando brigas que não precisam acontecer e melhorando o diálogo entre todos. E nessa hora que a teoria se mostra muito válida, pois ela ajuda nesse entendimento do outro”, finaliza.
*Debora Ghelman é advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, atuando na mediação de conflitos familiares a partir da Teoria dos Jogos.
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