Esquema foi descoberto na Casa de Prisão Provisória de Palmas após escuta autorizada pela Justiça. Servidores dizem que detentos escolhem o pavilhão em que vão ficar presos de acordo com facções a qual pertencem.
Polícia descobre rifas e jogos dentro de uma das principais cadeias do Tocantins
Escutas autorizadas pela Justiça revelam que detentos da Casa de Prisão Provisória de Palmas montaram um cassino e realizaram rifas de carros e motos dentro do presídio. Os veículos eram roubados por criminosos que estavam livres e divididos entre os membros de uma facção criminosa.
A investigação começou quando a Polícia Civil encontrou um caderno que era uma espécie de registro dos membros da quadrilha. Nele estavam escritos nomes, apelidos, funções e presídios pelos quais os criminosos tinham passado.
Em um dos áudios, um preso apresenta o cassino a outro detento. "Os parceiros ali tão jogando, apostando, mas se for ver eles tão fazendo um trampo ali".
Já uma mensagem de texto revela a rifa dos veículos e até o estado onde ele foi roubado:
"... que todos façam ótimo proveito de seus merecidos prêmios, abaixo segue as premiações ... 1= prêmio :1 carro no valor de 40.990 R$ - N° 07,746 local : estado do (Mato Grosso do Sul) rua . 2= prêmio : 1 carro no valor de 36.290 R$ -N° 09,805 local : estado do (Paraná) sistema. .."
O delegado Emerson Francisco Moura, da Denarc de Palmas, disse que o objetivo era financiar atividades da quadrilha. "Nós identificamos que dentro do sistema prisional, eles criam essas rifas e cassinos para arrecadar dinheiro e financiar o crime na rua, ou patrocinar aqueles que não tem condições".
A CPP de Palmas abriga 680 presos em um espaço projetado para 260. Os funcionários dizem que os pavilhões são divididos entre as quadrilhas e que os próprios presos escolhem onde vão ficar quando entram no sistema prisional.
"O servidor é obrigado a perguntar. Porque se ele for um preso de uma facção rival e for para outro pavilhão, ele acaba morrendo", diz um ex-servidor que não quis se identificar.
A Polícia do Tocantins indiciou 40 suspeitos de integrar o crime organizado. Segundo os investigadores, os principais traficantes agem de dentro da cadeia.
O Governo do Tocantins afirmou que está reestruturando o sistema prisional para inibir a ação das quadrilhas e que vai diminuir a superlotação de presídios ampliando as unidades. CPP de Palmas abriga 680 presos, sendo que a capacidade é 260 — Foto: Jesana de Jesus/G1
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