por Fernando Duarte**
À tarde, Lula estava de vermelho. À noite, de preto | Foto: Ricardo Stuckert
A confirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região vai reforçar o discurso já pregado pelo PT desde a sentença do juiz Sérgio Moro: Lula é uma vítima. O tom agora, no entanto, será mais exaltado e, possivelmente, vai ampliar a dualidade Lula contra todos aqueles que julgam que o ex-presidente é culpado pelos males do Brasil. Em que pese haver reiteradas argumentações de que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de golpe das elites ao ser alvo de impeachment em 2016, o julgamento desta quarta-feira (24) não vai alterar a lógica dos pretextos. Há, conforme o entendimento de aliados petistas, uma conspiração para remover os representantes reais da população dos cargos para os quais porventura eles seriam eleitos. Tanto que as primeiras reações após a manutenção da condenação de Lula foram no caminho de garantir que o ex-presidente vai estar com o nome nas urnas em outubro de 2018, independente da Lei da Ficha Limpa barrar a candidatura de indivíduos com sentença proferida por órgão colegiado, como aconteceu no TRF4. Lula é um fenômeno popular e, como consequência, eleitoral. O discurso do ex-presidente é capaz de encantar – e muito. O que quer dizer o mesmo que o petista possui um canto de sereia difícil de ser coibido. Diferente dos outros pleitos em que esteve presente, Lula agora terá uma missão mais árdua: convencer que a Justiça, a imprensa e o mundo conspiraram para derrotá-lo no “tapetão” ao invés de enfrentá-lo nas urnas. E, por mais que esteja presente nas próximas eleições com a candidatura sub judice, não enfrentará um caminho fácil. Enquanto no passado não havia sobre ele um carimbo de culpado, agora há todo um arcabouço jurídico que permite à oposição atacar o líder maior da esquerda no Brasil. Inocente ou não, Lula agora é um condenado que pode vir a cumprir a pena em regime fechado. Tal condição não pode ser negada. Com boa vontade, o ex-presidente pode até convencer uma parcela expressiva do eleitorado brasileiro de que os 12 anos e um mês de prisão a que foi condenado são uma pena injusta. Se a tese funcionar melhor do que o “golpe” sofrido por Dilma, Lula já pode se considerar vitorioso. BN
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