Ana Magalhães*Da Repórter Brasil
Lilo Clareto/Repórter Brasil
Mudanças propostas pela reforma trabalhista vão afetar jornadas no campo
Eduardo*, 44, trabalha de pé. Passa pelo menos seis horas por dia percorrendo uma extensa plantação de cana no interior de São Paulo. Nas costas, carrega um vasilhame cheio de herbicida, usado para o controle de ervas daninhas - ação conhecida como fumigar.
Há oito anos, ele faz a mesma coisa: acorda às 5h, pega o ônibus da empresa às 6h30, fumiga, fumiga, fumiga e espera ansioso pelos intervalos de descanso e sombra, até voltar cansado para casa no final da tarde.
Mesmo com um trabalho pesado e desgastante, é considerado um privilegiado. Eduardo tem carteira assinada e salário garantido o ano inteiro --e não apenas no período da safra. Como ele, apenas 1,6 milhão de trabalhadores rurais têm contratos fixos, segundo levantamento da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Os dados, colhidos pelo IBGE em 2015, mostram que, do total de 13,5 milhões de trabalhadores rurais brasileiros, 12% têm carteira assinada, 17% trabalham informalmente (com acordos verbais e temporários) e 68% dedicam-se à agricultura familiar, mas vez ou outra fazem bicos na roça ou na construção civil para complementarem a renda.
Eduardo ainda não sabe que seu "privilégio" está por um fio. Ao falar sobre as mudanças nas leis trabalhistas promovidas pelo governo Michel Temer, diz que "não está por dentro". Ele desconhece, mas, a partir de novembro, quando as novas regras da reforma trabalhista entram em vigor, o seu salário pode ter redução de 12%. CONTINUE LENDO
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