O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante coletiva de imprensa em Brasília 24/11/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino
SÃO PAULO (Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nos pedidos que fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que fossem realizadas as operações desta quinta-feira que políticos continuaram a cometer crimes mesmo em meio às investigações da operação Lava Jato.
De acordo com o Ministério Público Federal, Janot disse no pedido ao Supremo que "o núcleo político da organização criminosa investigada na Operação Lava Jato" seguiu praticando crimes apesar dos avanços da Lava Jato.
“Os elementos de prova revelam que alguns políticos continuam a utilizar a estrutura partidária e o cargo para cometerem crimes em prejuízo do Estado e da sociedade. Com o estabelecimento de tarefas definidas, o núcleo político da organização criminosa investigada na operação Lava Jato promove interações diversas com agentes econômicos, com o objetivo de obter vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes, sobretudo a corrupção”, afirmou Janot nos pedidos feitos ao STF.
“Isso demonstra que o esperado efeito depurador e dissuasório das investigações e da atuação do Poder Judiciário lamentavelmente não vem ocorrendo e a espiral de condutas reprováveis continua em marcha nos mesmos termos e com a mesma ou maior intensidade e desfaçatez”, afirmou o procurador-geral.
O Supremo autorizou nesta quinta-feira operações contra parlamentares --como o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) e o deputado federal Rocha Loures (PMDB-PR)-- além da prisão de pessoas ligadas ao tucano --casos de sua irmã Andrea Neves-- com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS.
De acordo com reportagem do jornal O Globo na quarta-feira, cuja veracidade foi confirmada pela Reuters, Joesley gravou uma conversa em que Aécio lhe pede 2 milhões de reais. Com relação a Rocha Loures, o empresário teria pago 500 mil reais em propina a ele, que fora indicado pelo presidente Michel Temer para resolver um problema governamental da J&F, holding que controla a JBS. (Por Eduardo Simões)
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