A empreiteira Odebrecht entregou à força-tarefa da Operação Lava-Jato e ao Ministério Público Federal (MPF) extratos que seriam de pagamento de propina em uma reunião com o presidente Michel Temer, em 2010. Os valores são superiores a US$ 40 milhões, que segundo ex-executivos que se tornaram delatores na operação, teriam sido acordados com o então vice-presidente em seu escritório de São Paulo. A investigação contra Temer usa trechos da delação de Márcio Faria da Silva, ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial. No depoimento, ele afirmou que, no comando da reunião, Temer acertou o pagamento de propina de R$ 40 milhões para o PMDB. O valor seria o de 5% de um contrato da Odebrecht com a Petrobras. Após a revelação das informações dessa delação, Temer divulgou uma nota na qual afirmou que “jamais tratou de valores” com Márcio Faria. A reunião, segundo Faria, teve a presença de outras pessoas, como o ex-deputado Eduardo Cunha, e ocorreu quando Temer era presidente do PMDB e candidato a vice de Dilma Rousseff. Ainda de acordo com as delações e com os documentos entregues à Lava-Jato, uma pequena parte do valor foi paga em espécie em hotéis de São Paulo e em um escritório no Rio de Janeiro. A maior parte, no entanto, foi repassada a contas de operadores no exterior;
A revelação desses últimos fatos complica ainda mais o prestígio do presidente Temer. É que acontece exatamente no momento em que uma pesquisa do Instituto Vox Populi encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e divulgada nesta sexta-feira, quando o Vox Populi ouviu dois mil eleitores com mais de 16 anos, residentes em 118 municípios, de todos os estados e do Distrito Federal, em áreas urbanas e rurais, entre 6 e 10 deste mês, mostra que 78% dos entrevistados querem a cassação do mandato de Michel Temer na ação baseada em suposto abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral de 2014, que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda de acordo com a sondagem do instituto, nove em cada dez brasileiros entrevistados desejam que o novo presidente seja escolhido por eleições diretas, e não pelo Congresso Nacional, como está previsto na Constituição. O julgamento que poderá terminar com a cassação da chapa Dilma-Temer e consequente cassação do mandato do presidente já teve voto do ministro relator acatando o pedido que foi feito pelo PSDB, em 2014, e a decisão deverá ocorrer no próximo mês de maio. Além de governar o país, Michel Temer tem de tomar providências para salvar a própria pele. por Airton Leitão
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