Foto: Reprodução / TV Globo
Alvo de prisão preventiva na Operação Faturas Expostas, o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, é acusado de "tentar embaraçar as investigações". No entendimento judicial, ele queria fazer com que o delator César Romero, ex-subsecretário da pasta, não fechasse o acordo de delação com o Ministério Público Federal (MPF) ou que ao menos combinasse o que seria dito. Isso fica evidente em uma conversa entre os dois, interceptada pela Polícia Federal (PF). Acompanhe o diálogo, divulgado pelo G1 RJ:
“Sérgio Côrtes: Peraí, César... Você já estava fazendo, aí foi quando eu falei pro [Sérgio Vianna] Júnior. 'Júnior, o ideal é que pelo menos a gente tenha alguma coisa parecida... Porque se ele falar de A, B, C, D e eu falar de C, D, F, G, f***, porque A e B eu não falei e F e G ele não falou'.
César Romero: Olha só... Eu fiz uma delação premiada... Dessa menina...
Sérgio Côrtes: Você já me contou essa história, eu lembro disso...
César Romero: Dessa menina. Agora ela foi chamada de novo nessa Força Tarefa do Rio de Janeiro pra prestar mais uns depoimentos sobre aquele Vinícius Claret, que é um dos doleiros... Eu acompanhei ela nesse depoimento, de forma que o que eu tenho visto, não é minha especialidade, eu conheço o cara de Curitiba, que é o bambam-bam disso e eu vou conversar com ele, até liguei pra ele... Eu acho que uma delação tem que jogar a m**** toda no ventilador, porque se você ficar selecionando como o Júnior me disse, que você ia...
Sérgio Côrtes: Não, não. Você vai dizer, você vai falar sobre isso?
César Romero: Não. Mas você não acha que os caras não vão perguntar?
Sérgio Côrtes: Não vão. Como, César?! César, me explica como é que eles vão saber quais os processos que o Miguel participou se ele não estava... Acho que a gente tinha que pegar os processos sobre os caras que "participou"...
César Romero: Ele nunca participou na secretaria...
Sérgio Côrtes: Então. Por isso que estou entregando o Miguel [Miguel Iskin] na UPA, não sei o que, parara parara... Mas como é que foi feito? Foi feito assim, assim, assado".
A investigação aponta que Côrtes fraudava as licitações da pasta para favorecer a empresa Oscar Iskin. Os sócios do grupo empresário, Miguel Iskin e Gustavo Estellita, também foram alvo de prisão preventiva (saiba mais aqui). Quanto aos desvios na Saúde também investigados, o comando do esquema é atribuído ao então governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), que lucrava com 5% de propina nos contratos. Côrtes ficava com 2%, o delator Romeiro e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ganhavam 1%, e os outros 1% serviam para sustentar o esquema criminoso (saiba mais aqui). BN
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