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sexta-feira, 17 de março de 2017

Lava Jato avança sobre estrutura de propinas em secretarias do Rio

Subsecretário de Turismo e diretor da estatal RioTrilhos são presos em investigação sobre corrupção nas obras do Metrô
SAMANTHA LIMA / http://epoca.globo.com

A operação que prendeu preventivamente um subsecretário e um funcionário graduado no governo do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (14), mostra o avanço da Lava Jato sobre o sistema de arrecadação de propinas que funcionou durante os mandatos do ex-governador Sérgio Cabral. Os presos, o diretor de engenharia da estatal RioTrilhos, Heitor Lopes de Sousa, e o segundo na Pasta do Turismo, Luiz Carlos Velloso, ainda não haviam sido citados nas operações Calicute, que prendeu Cabral, e Eficiência, que deteve o empresário Eike Batista. De acordo com os procuradores, eles se beneficiaram de pagamento de propina feito pelas empreiteiras Odebrecht, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão, nas obras da linha 4 do Metrô do Rio, entre 2010 e 2014.

Heitor Lopes de Sousa Junior, diretor da RioTrilhos (de camiseta azul), chega preso à Polícia Federal. Ele é investigado em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

No período analisado pela investigação, Sousa ocupava o mesmo cargo e, nessa condição, segundo a força-tarefa, participou da negociação de um aditivo de R$ 268 milhões na obra, em maio de 2013. Com orçamento inicial de pouco menos de R$ 900 milhões e financiamento do BNDES, a Linha 4 acabou por custar R$ 10 bilhões. Já Velloso era subsecretário da Pasta de Transportes.

A partir de dados das quebras de sigilos, a Lava Jato identificou que Sousa se beneficiou por meio de duas empresas das quais ele e a mulher são sócios. Ambas prestavam serviço a uma terceira empresa subcontratada pelo consórcio responsável pela construção da Linha 4. No total, segundo a Lava Jato, Sousa recebeu pelo menos R$ 15,6 milhões em propina. As quebras de sigilo foram pedidas a partir de depoimentos de ex-funcionários da Carioca Engenharia, dentro do acordo de leniência que a empreiteira firmou com o Ministério Público Federal. Pelo acerto, a empresa se compromete a dispor de funcionários e sócios, além de documentos, para relatar crimes, em troca de uma punição menor.

Nos depoimentos, além de Sousa, surgiu Velloso como beneficiário de propina das empreiteiras. Ele recebeu em dinheiro vivo, entre 2012 e 2014. O procurador da República Sérgio Pinel disse que o valor total recebido por ele no esquema ainda é alvo de investigação. Na petição encaminhada à Justiça, os procuradores informam que a mulher de Velloso, Renata Monteiro, costumava gastar no cartão de crédito cerca de dez vezes mais do que declarava receber mensalmente. De acordo com a investigação, Renata era uma adepta da escola Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e fazia compras em montantes elevados em joalherias e agências de viagem – e algumas vezes pagava em dinheiro.

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio, autorizou, além da prisão dos funcionários, a condução coercitiva de Renata e de um sócio e da mulher de Sousa. Outras quatro pessoas foram convocadas a depor em 24 horas. Entre elas está uma gerente de contas do banco Santander, flagrada em escuta telefônica prestando, segundo os procuradores, orientações a Sousa sobre como manter recursos longe do alcance de um possível bloqueio judicial. Ela também demonstrou conhecimento de que Sousa pretendia transferir R$ 1 milhão para a mulher, dias depois de deflagrada a Operação Calicute, no fim de 2016. O Santander informou apenas que a funcionária não trabalha mais no banco.

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