A essa altura você provavelmente já deve saber dos planos de Elon Musk, CEO da empresa SpaceX, pata colonizar Marte.
Basicamente, ele evolve o envio de um milhão de pessoas em um período de 40 ou 100 anos por um preço razoavelmente “acessível”: 200 mil dólares por cabeça, segundo informações da Science Alert. Recentemente, durante uma apresentação no Congresso Astronômico Internacional, realizado em Guadalajara, no México, ele delineou o projeto em um plano de quatro passos, que inclui como serão os foguetes utilizados para o transporte interplanetário, as naves espaciais, o combustível utilizado e outros componentes cruciais que complementarão o trabalho.
1 – Missões de reconhecimento
Segundo Musk, inicialmente serão enviadas missões de reconhecimento apenas para certificar que sabemos tudo sobre como e onde pousar, além de descobrir a melhor maneira de se obter água. A nave que será utilizada para isso, uma variante espacial apropriadamente chamada de Red Dragon (Dragão Vermelho), será lançada em 2018 e ajudará a demonstrar quais as tecnologias necessárias para pouso de grandes cargas em solo marciano. “As missões da Red Dragon também ajudarão a informar a arquitetura geral para colonização de Marte”, disse Musk. “Queremos estabelecer uma cadência constante, em que há sempre um voo saindo da plataforma, como um trem que sai de uma estação”, revelou ele acrescentando que a missão experimental levará pelo menos duas ou três toneladas de carga útil para a superfície do planeta vermelho.
Ao que tudo indica, a “carga útil” em questão, provavelmente será composta por robôs de caça, que ajudarão na busca por água, além de dispositivos que tentarão realizar uma reação chamada Sabatier – um processo químico que visa extrair o carbono do ar, para combiná-lo com hidrogênio (água) e energia solar para criar combustível.
2 – Depósitos de combustível
Segundo Musk, a nave Heart of Space voará para Marte carregando somente o equipamento necessário para construir uma usina propulsora. Uma vez que a SpaceX consiga definir como aterrissar com segurança e sem abrir uma cratera na superfície do planeta, a nave iniciará seu trabalho para construir um depósito de combustível (metano) de grande escala. O motivo para isso, segundo ele, é que a as naves não sairão da Terra carregando o suficiente para retornar.
“Seria um absurdo tentar construir uma cidade em Marte, se a sua nave espacial só ficar hospedado lá e não retornar para a Terra”, disse ele. “Você criaria um cemitério maciço de naves”.
3 – A primeira missão tripulada
Segundo ele, há um primeiro grupo de voluntários que irá na primeira missão tripulada para Marte. Eles levarão consigo os equipamentos necessários para a construção de uma base rudimentar e planta propulsora de retorno. No entanto, eles primeiro terão de construir um habitat, formas de obter energia, cultivo de alimentos, reutilização de água e muito mais. “Os primeiros colonos marcianos viverão em cúpulas de vidro gigantes e utilizarão robôs de mineração para ajudar a expandir suas casas”. A primeira colônia, chamada por ele de Mars Base Alpha, será usada como base para que os colonizadores consigam montar uma planta propulsora de retorno que será feita pela missão Heart of Gold.
4 – Colonização
Ele afirmou que dobrando o número de voos, que devem ocorrer a cada 26 meses, a cidade poderá crescer sozinha. De acordo com um dos pesquisadores do projeto, em entrevista à Popular Mechanics, em qualquer lugar no Universo, uma colônia espacial pode precisar apenas de 40 mil voluntários para viabilização genética, de modo que assim serão evitados os efeitos negativos da consanguinidade.
A ideia de Musk é levar um milhão de pessoas para a construção de uma cidade que tenha de tudo, desde fábricas de fundição de ferro até pizzarias. Com uma base funcional e métodos garantidos para produção de metano, a SpaceX e empresas colaboradoras, como a Boeing, poderão começar a enviar equipamentos mais caros de volta para a Terra, para serem reutilizados no período dos 26 meses entre os lançamentos – definido como tal porque é quando a Terra e Marte estão separados por uma distância menor. Logo, uma vez que todos os equipamentos propostos serão reutilizáveis, isso deverá aumentar as oportunidades para o envio de mais pessoas, a fim de prover a construção de uma verdadeira metrópole permanente.
No entanto, ele adverte que qualquer um que esteja interessado deve estar preparado para a morte, uma vez que a primeira viagem poder ser realmente perigosa. “O risco de fatalidade será alto, e não há uma maneira de simplesmente contornar isso”, disse. Ele ressaltou ainda que, quaisquer que sejam os perigos, cada nave terá combustível suficiente para acelerar o envio de suprimentos e substituições críticas.
Mas será que tudo isso é realmente possível?
Apesar dos novos detalhes, Musk ainda tem uma série de furos a serem preenchidos. Ainda, ele terá de enfrentar uma grande quantidade de testes, isso sem falar nas despesas para os próximos meses e anos. Josh Logsdon, um especialista e historiador no Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, nos EUA, que estava na plateia durante o discurso de Musk no México, é completamente cético ao plano e afirmou que é extremamente improvável que tudo isso aconteça. “Ele minimiza as coisas que vão exigir uma quantidade razoável de mais pesquisas e trabalhos”, disse. Sobre os desenhos da nave espacial, ele explicou que é difícil ver “onde 100 pessoas poderão viver durante meses esperando até o momento em que possam voltar para casa”.
Por outro lado, ele afirma que Musk está apenas expondo uma visão, “e visões não têm de ser consistentes e coerentes se a intenção é motivar as pessoas e dizer: ‘olha, algo tecnicamente poderia ser feito”. No entanto, isso só ocorrerá “se tivermos vontade, dinheiro e envolvimento suficiente de parceiros, é claro”. [ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / SpaceX / Youtube ]
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