Nove em cada dez bebês nascidos com microcefalia em Pernambuco, Estado com o maior número de casos da má-formação, vivem em situação de pobreza, com renda per capita familiar de até R$ 220, mostram dados inéditos da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco. A pesquisa foi feita com 211 famílias cadastradas em um núcleo estadual de apoio criado pelo governo do Estado depois do início da epidemia. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, Pernambuco já acumula 392 casos confirmados da má-formação, distribuídos em 106 municípios. A renda per capita familiar inferior a R$ 220 permite que essas crianças tenham acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), valor equivalente a um salário mínimo pago pelo governo federal a famílias com crianças com deficiência ou idosos que se encaixem nos critérios de rendimento. Dados do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontam que, somente em Pernambuco, já foram concedidos 245 benefícios do tipo para famílias de crianças com microcefalia. Em todo o País, foram 1.430 pessoas contempladas. O número, no entanto, representa apenas 61% dos pedidos feitos ao órgão desde o início da epidemia. O porcentual não contemplado refere-se a pedidos indeferidos ou aos casos que aguardam perícia.
Perfil: O levantamento do governo pernambucano mostra ainda detalhes sobre o perfil das mães das crianças nascidas com a má-formação. A grande maioria nasceu de mães pardas (68%), embora esse grupo some 59% da população do Estado. As brancas são mães de 24% dos bebês afetados pelo problema, enquanto as negras tiveram 7% desses meninos e meninas. No que se refere à faixa etária, a maioria das mães (58% tem entre 18 e 29 anos, 30% está acima dos 30 anos e 12% são adolescentes. A escolaridade só foi medida pela capacidade de ler e escrever. Ainda assim, 6% disseram ser analfabetas. Três em cada quatro mulheres moram em área urbana.
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