Isaquias Queiroz dos Santos, dono de uma medalha de prata inédita na canoagem de velocidade para o Brasil, era um nome recorrente nas projeções de pódio para o país na Olimpíada do Rio. Aos 22 anos, o baiano da cidade de Ubaitaba, fenômeno da canoagem, buscava feitos inéditos para a modalidade e para si mesmo no Rio-2016. Era uma questão de referencial. Isaquias é um atleta jovem, de um esporte que nunca trouxe pódios olímpicos para o país, e enfrenta em sua primeira Olimpíada rivais experientes, alguns medalhistas em Jogos anteriores. Sem um rim, o atleta do Club Athlético Paulistano saiu de Ubaitaba, onde deu duro na infância. Era cuidado pelos irmãos em casa, já que a mãe passava o dia na rodoviária como servente. Aos três anos, sofreu queimaduras em um acidente doméstico, e o médico disse que iria morrer. Sobreviveu. Aos cinco, foi sequestrado, mas voltou aos braços da mãe. Aos 10, caiu de uma árvore, teve uma hemorragia interna e perdeu um rim. Começou na canoagem um ano depois. No início, era uma brincadeira. Mas viu que poderia ser profissional. Treinou, treinou, treinou e, somado ao talento inato, se tornou um vencedor. Hoje, é "fominha de medalhas". Das três provas que disputará no Rio, o brasileiro já foi campeão mundial em somente uma, a C2 1000m — curiosamente, naquela que vinha como "azarão" no Mundial de 2015. Dito desta maneira, a medalha poderia parecer um sonho com margem de erro demasiado grande. A confiança, no entanto, surge de um raciocínio elementar para aqueles que vivem da canoa: as competições não se decidem no impulso da largada, e sim no arranque para a chegada. Bicampeão mundial na prova C1 500m, que não figura no calendário olímpico, Isaquias passou os últimos três anos mais se preparando para os Jogos do Rio-2016 do que efetivamente dando o máximo nas competições internacionais. Nesse período, ele foi mais ausência do que presença em etapas de Copa do Mundo (três a cada ano). Tido como um dos melhores do mundo na C1 1000m, o brasileiro nunca venceu Copas do Mundo ou Mundiais na categoria, por exemplo — embora tenha sido ouro no Pan de Toronto-2015 (na classe C1 1000m). Esta foi a primeirva vez que um brasileiro subiu ao lugar mais alto do pódio no esporte. Nesta edição, ganhou também outro ouro, na C1 200m, e a prata com Erlon Silva no C2 1000m. Marca registrada da canoagem brasileira por seu estilo único, o “Maluco Beleza” ele tem, além das três medalhas no Pan de Toronto e os dois títulos mundiais no C1 500m, um ouro e uma prata no Mundial de Velocidade júnior em Brandenburg, na Alemanha, em 2011, e dois bronzes no Mundial adulto, em Duisburg 2013 e Moscou 2014. Tudo conquistado até os 21 anos. (G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário