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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Arena da Amazônia, o gigante de portões fechados

O estádio em Manaus, como previu o ex-governador Aziz, virou um problema para o povo – é a arena da Copa menos utilizada do país e, por isso, dá prejuízo ao amazonense
RODRIGO CAPELO*epoca.globo
Arena da Amazônia, em Manaus. É o estádio menos utilizado do país entre os usados pela Copa em 2014 (Foto: Getty Images)

Omar Aziz (PSD), então governador do Amazonas, perdeu as estribeiras com um repórter da ESPN ao ser questionado, em 9 de março de 2014, sobre o legado que a Copa do Mundo deixaria para o estado. "O problema é nosso, não é de vocês. Isso é um problema do povo amazonense, não é teu. Não é da imprensa do Sul. É nosso problema. Deixa com a gente. Se nós tivemos competência para construir uma arena desse porte, nós teremos competência também de dar um legado", ralhou o político. O hoje ex-governador errou ao prometer um legado para a Arena da Amazônia. Mas estava certo ao cravar que o problema ficaria para o povo amazonense.

A arena nunca foi privatizada, portanto as receitas e as despesas entram e saem dos cofres do governo estadual. O problema é que sai mais dinheiro do que entra. O estádio arrecadou apenas R$ 511 mil em 2015 e gastou mais de R$ 7 milhões com manutenção. O saldo, R$ 6,5 milhões negativos, é o preço que o cidadão amazonense paga anualmente por causa da Copa de 2014. E que continuará a pagar por incontáveis anos porque, como previsto antes da realização do Mundial no Brasil, a Arena da Amazônia não tem futebol suficiente para se sustentar, muito menos para recuperar o investimento que o governo do Amazonas fez em sua construção, R$ 650 milhões.

A Arena da Amazônia, entre 15 novos estádios construídos no mesmo período e nos mesmos padrões, tem o menor número de jogos oficiais realizados em 2015. O estádio só abriu as portas sete vezes. O ingresso é um dos mais baratos do país. Custa R$ 20,56 em média. Mesmo assim o público não aparece. A média de 3.974 pagantes por jogo equivale a 9% da capacidade oficial. Os outros 91% ficam vazios por toda a temporada. Quando as arquibancadas estão vazias, nenhuma outra receita do estádio é proporcionada – nem camarotes, nem bares, nem estacionamento. A Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), do governo do Amazonas, tem uma missão quase impossível de tornar as contas do estádio positivas.

Aziz não é mais governador, mas se elegeu senador. O problema, como ele espertamente previu, sobrou para o povo amazonense.

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