Bruno Rizzato - Muitos cientistas ficam perplexos com a questão da exclusividade do queixo humano.
O cerne ósseo que se projeta externamente da parte inferior da mandíbula é único no reino animal, e embora pesquisadores tenham desenvolvido inúmeras teorias ao longo dos anos para tentar justificar a existência do queixo, ele permanece um mistério.
O queixo não é apenas a parte inferior do seu rosto, é especificamente aquele pequeno pedaço de osso que se estende da mandíbula. Embora possa parecer estranho, os humanos são os únicos animais detentores de um destes. Até mesmo chimpanzés e gorilas, nossos parentes genéticos mais próximos, não possuem queixos da mesma forma. Eles possuem inclinações menores nas mandíbulas, mas que vão para trás dos dentes da frente. Nem mesmo outros hominídeos antigos, como os neandertais, possuíam queixos. Eles tinham simplesmente uma superfície plana na base da mandíbula.
Segundo James Pampush da Universidade Duke, nos EUA, ao comparar todos os hominídeos, os traços podem parecer bastante semelhantes, exceto uma coisa. “Todos eles andavam sobre duas pernas. A única coisa que realmente se destaca é a falta do queixo”, relatou.
Durante o último século, os cientistas propuseram muitas ideias para explicar o porquê dos seres humanos terem desenvolvido queixos, podendo ajudar na mastigação e na fala. Pampush argumenta que muitas dessas teorias não se sustentam sob uma análise mais aprofundada. “O queixo é um desses fenômenos raros na biologia evolutiva que realmente expõem as diferenças filosóficas profundas entre pesquisadores da área”, escreveu em um artigo recente, publicado na revista Evolutionary Anthropology.
Uma das ideias mais populares é que nossos ancestrais desenvolveram queixos para fortalecer nossas mandíbulas inferiores, para resistir às tensões da mastigação. Mas, de acordo com Pampush, o queixo está no lugar errado para reforçar a mandíbula, assim como para ajudar na fala.
O pesquisador duvida que a língua gere força suficiente para torná-lo necessário. Uma terceira ideia é que o queixo poderia ajudar as pessoas na escolha de companheiros, mas características sexualmente seletivas como esta, normalmente, só se desenvolvem em um gênero, segundo o pesquisador.
Segundo Pampush, o queixo pode não ter propósito algum. De acordo com ele, o queixo poderia ser um subproduto da evolução, um resquício de outro recurso de mudança. Ele poderia ser resultado da diminuição da face humana ao longo do tempo, além da mudança de postura e dos ossos do rosto. Isso teria gerado mandíbulas mais longas.
“Parece que a aparência do próprio queixo está provavelmente relacionada com padrões de redução facial em seres humanos durante o Pleistoceno (período que sucede o Plioceno e precede o Holoceno). Neste sentido, entender por que as faces tornaram-se menores é importante para explicar por que temos queixos”, acrescentou Nathan Holton, que estuda a evolução facial na Universidade de Iowa.
Segundo Holton, até mesmo esta hipótese teria seus problemas, pois é difícil encontrar provas para tentar descobrir se algo é um subproduto da evolução, especialmente se não tiver uma função óbvia. Porém, os especialistas acreditam que se um dia conseguirem descobrir de onde o queixo veio, poderiam montar outra peça do quebra-cabeça do que nos faz diferentes dos nossos antepassados e primos evolutivos. “Talvez isso nos diga o que realmente criou o último pequeno passo da evolução anatomicamente moderna”, concluiu Pampush. [ Smithsonianmag ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]
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