Bruno Rizzato - Um novo programa de computador é capaz de decodificar os pensamentos das pessoas quase em tempo real, segundo os pesquisadores. Eles foram capazes de prever o que as pessoas estavam pensando com base nos sinais elétricos vindos de eletrodos implantados em seus cérebros. Caso os dados se confirmem, o computador poderá ajuda pessoas paralisadas na comunicação.
A decodificação acontece em milésimos de segundo após alguém avistar uma imagem, e possui taxas superiores a 95% de precisão, disseram os cientistas. “Nós estávamos tentando entender, em primeiro lugar, como o cérebro humano percebe objetos no lobo temporal. Depois, como poderíamos usar um computador para extrair e prever o que alguém está vendo em tempo real? Clinicamente, você poderia pensar em nosso resultado como um conceituo para a construção de um mecanismo de comunicação para pacientes que estão paralisados ou tiveram um acidente vascular cerebral debilitante”, disse Rajesh Rao, neurocientista computacional da Universidade de Washington, nos EUA.
A análise das respostas neurais dos pacientes a duas categorias de estímulos visuais – imagens de rostos e casas – permitiu aos cientistas a previsão posterior do que os pacientes haviam olhado, além do momento que isso aconteceu, com uma precisão superior a 95%, segundo a pesquisa, publicada naPLoS Computational Biology.
O estudo envolveu sete pacientes com epilepsia atendidos no Harborview Medical Center, em Seattle, que estavam passando por crises epilépticas sem uso de medicação, segundo o neurocirurgião Jeff Ojemann. Eles passaram por cirurgias em seus cérebros para a implantação temporária no lobo temporal, com os eletrodos focados para tentar localizar os pontos das convulsões.
Os lobos temporais processam a entrada sensorial e são um local comum de convulsões epilépticas. Situados atrás dos olhos e ouvidos dos mamíferos, os lobos também estão envolvidos na doença de Alzheimer e demências. O local, aparentemente, é mais vulnerável a traumas do que outras estruturas do cérebro, segundo Ojemann.
No experimento, os eletrodos de vários locais do lobo temporal estavam ligados a um poderoso software computacional que extraiu duas propriedades características dos sinais do cérebro: “eventos potenciais relacionados” e “mudanças espectrais de banda”. Rao caracterizou o primeiro como decorrente de “milhares de neurônios, sendo coativados quando uma imagem é apresentada pela primeira vez”. Já o segundo, seria o “tratamento continuado após a onda inicial de informações”.
Um algoritmo analisou as respostas às imagens, permitindo a análise dos sinais cerebrais até mesmo de um grupo de imagens desconhecidas aos pesquisadores. Mesmo assim, a previsão quase completa ocorreu em menos de 20 milissegundos. Esta precisão foi alcançada somente quando “eventos potenciais relacionados” e “mudanças espectrais de banda” foram combinados, o que sugere que eles carreguem informações complementares. “Tradicionalmente, os cientistas analisaram neurônios individuais. Nosso estudo dá uma imagem mais global de grandes redes de neurônios, sobre como uma pessoa acordada e prestando atenção pode perceber um objeto visual complexo”, disse Rao.
A técnica dos cientistas seria um avanço para o mapeamento do cérebro, podendo ser utilizada para identificar, em tempo real, as localizações do cérebro sensíveis a determinados tipos de informações.“As ferramentas computacionais que desenvolvemos podem ser aplicadas para estudos da função motora, estudos de epilepsia e estudos de memória. A matemática por trás disso é fundamental para o aprendizado”, concluiu Ojemann. [ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]
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