Por Lucas Alves - iG São Paulo | Anunciada pela presidente Dilma ao longo da semana, mobilização nacional contra mosquito começa neste sábado
Marcelo Camargo/ABr
Dilma conversa sobre epidemia do zika vírus com lideranças cristãs, na última quarta-feira
Milhares de militares em busca de focos de proliferação do Aedes aegypti nas ruas, ministros em visitas oficiais a governadores, ampla divulgação de combate por meio de todas as mídias. Apesar de positiva como forma de esclarecer a população a respeito dos males causados pelo mosquito vetor do zika vírus, dengue e chikungunya, a mobilização do governo federal para conter a epidemia das doenças transmitidas pela espécie está atrasada e terá pouco efeito imediato.
É assim que especialistas consultados pelo iG analisam a criação do Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes Aegypti, lançado pela presidente Dilma Rousseff ao longo da semana e marcado para este sábado (13). Um dos objetivos é, além de levar militares às residências de três milhões de famílias em 350 municípios na data, detalhar as medidas que devem ser adotadas pela população por meio da distribuição de panfletos.
Coordenadora do setor de pesquisa de vírus respiratórios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a infectologista Nancy Bellei explica que o baixo impacto das medidas se deve especialmente ao fato de o País já viver seu pico epidêmico, com previsão para se encerrar em maio, e de 2015 ter registrado boom de casos suficiente para gerar campanhas semelhantes.
”Já temos criadouros em muitos lugares, então o efeito não tem como ocorrer de forma imediata, pois o mosquito está aí, já se espallhou. É uma epidemia que está em todo o Brasil e ultrapassou nossas fronteiras. Existe a responsabilidade que é do gestor público e ela não foi feita", avalia Nancy. "As medidas podem ser importantes para o futuro e acho que, com tanta propaganda, as coisas podem melhorar futuramente. Mas tudo é feito com muito atraso."
O discurso da coordenadora da Unifesp encontra eco entre outros especialistas da área, como o médico epidemiologista Gustavo Bretas, que vê baixa efetividade em campanhas contra o mosquito, como as feitas em anos anteriores pelos governos federal e municipais. Para ele, isso fica escancarado com as sucessivas epidemias de dengue no País.
“É muito difícil controlar um mosquito e não existe nenhuma estratégia para isso. O enfoque está incorreto", diz ele. “A prioridade no momento deveria ser proteger as mulheres grávidas, pois elas estão realmente expostas a risco devido ao zika. A evidência da relação entre a epidemia e a proliferação de casos de microcefalia em fetos de mães infectadas aponta para esta direção."
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