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quarta-feira, 15 de julho de 2015

Irã e potências alcançam acordo nuclear final

Por O Globo com agências internacionais | Agência O Globo / Estadão Conteúdo 
VIENA - Após mais de 17 dias de negociações, promessas, atrasos, desavenças, o Irã e as potências globais do P5+1 enfim chegaram a um acordo nuclear em termos definitivos. Na madrugada de segunda para terça-feira, os chanceleres de Teerã, Mohammad Javad Zarif, e Federica Mogherini, da União Europeia, anunciaram ter alcançado um documento final para reduzir e regulamentar o programa nuclear do país.

Durante a segunda-feira, Zarif e os chanceleres das potências negociadoras voltaram a discordar sobre a etapa das negociações, que diziam ter tido o final enfim alcançado. Enquanto diplomatas ocidentais apontavam para o encaminhamento de um acordo, o chanceler iraniano afirmou que o acordo provavelmente não seria finalizando dentro do prazo original.

DESAVENÇAS NÃO IMPEDIRAM ACERTO
Nos últimos 17 dias, o prazo final para o acordo foi adiado três vezes. Entre os pontos de atritos entre Irã e as potências ocidentais, estavam o levantamento das restrições sobre venda de armas a Teerã. Apoiado por Moscou, o país persa exige que este seja imediato. No entanto, os ocidentais consideram esta demanda delicada por causa do envolvimento iraniano em vários conflitos, sobretudo na Síria, Iraque e Iêmen.

Outro ponto de divergência foi o ritmo da suspensão das sanções. Os iranianos queriam um compromisso imediato de seus interlocutores, mas eles contemplaram um levantamento gradual e a possibilidade de recuar em caso de violação do acertado. O Ocidente também exige que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenham direto a acesso caso necessário, ponto rejeitado por Teerã.

As negociações duraram mais de um ano e meio, e foram divididas em três diferentes etapas. Após o acerto provisório ser alcançado com três dias de atraso, de abril para maio, as negociações foram retomadas com atraso quando Kerry quebrou a perna em um acidente de bicicleta na Suíça.

DESAFIOS À FRENTE
Mesmo se anunciado, o acordo ainda terá um longo caminho pela frente. A resolução deve passar pelo Congresso americano, que pode rejeitá-la e manter as sanções contra o Irã, ao mesmo tempo em que o Parlamento iraniano vai analisar e emitir um veredicto sobre o pacto.

Em seguida, o acordo será compilado e incorporado a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que também deve levantar as sanções contra Teerã. Só então o Irã vai começar a desligar as centrífugas, retirar o núcleo de sua usina de água pesada e reduzir seu estoque de urânio enriquecido, processo que será monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica.

Os dois principais aliados dos EUA na região, Israel e Arábia Saudita, são fortemente críticos ao acordo, pois se sentem ameaçados pelo Irã. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou no domingo as potências ocidentais de "cederem" ao Irã.

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