Além de ter seu início postergado, a comissão não deve ter mais o senador Romário (PSB-RJ) como relator da investigação
Idealizador da CPI, o senador Romário (PSB-RJ) deve ficar com cargo menor na investigação a pedido do PMDB(Ed Ferreira/Folhapress)
Criada no fim de maio, a pedido do ex-jogador e senador Romário (PSB-RJ), a CPI do Futebol deve começar efetivamente a funcionar somente após o recesso parlamentar, em agosto. O PMDB, maior bancada do Senado, tem postergado a indicação dos membros para compor o colegiado e não aceitou o pleito do ex-jogador de ficar com a relatoria da comissão. Com Estadão Conteúdo
O motivo é que nomes importantes do PMDB mantêm estreitas ligações com a CBF. Um dos filhos do ex-presidente José Sarney é vice-presidente da confederação. Fernando Sarney é conhecido como um dos "cartolas mais longevos" da CBF e faz parte há quase 20 anos dos quadros da entidade.
Outro nome que faz a ponte entre partido e entidade é o advogado Vandenbergue dos Santos, diretor da Assessoria Legislativa da CBF, cargo criado na época em que a entidade estava na mira de CPIs no Congresso. Além de ter bom trânsito na cúpula peemedebista, ele já foi assessor do atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nos bastidores, comenta-se que o PMDB não quis deixar que Romário assumisse a relatoria da CPI para ter controle sobre os rumos da comissão. O mais provável é que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) seja o relator. Romário, por sua vez, deve assumir a presidência do colegiado, como ficou acordado com o PT. Nas CPIs, a relatoria costuma ser um posto de maior importância que a presidência, pois é a figura que conduz a investigação.
Parlamentares pró-CPI dizem que a pressão da CBF em cima do PMDB - e de outros partidos - é o principal motivo para que a comissão não saia do papel é grande. A Rede Globo, que mantém diversos contratos assinados com a entidade, também estaria preocupada com a comissão e teria mandado emissários para conversar com parlamentares.
Na última quarta-feira, os senadores aprovaram um requerimento para aumentar o número de integrantes da CPI de 7 para 11. A justificativa foi que a quantidade de vagas era pequena e muitos parlamentares queriam participar da comissão, mas o movimento serviu para adiar novamente o início dos trabalhos. O líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), nega que o partido queira impedir o funcionamento do colegiado e diz que vai fazer as indicações do bloco da maioria até esta terça-feira. "Não há nenhum interesse para que a CPI não avance", afirmou.
Segundo ele, o PMDB não entregou a relatoria da CPI para Romário para não "abrir precedentes", já que cabe ao partido escolher que posto vai ocupar nos colegiados. Em outras CPIs, porém, o partido cedeu lugar a outras legendas.
Questionado sobre a ligação de nomes do partido com a CBF, Eunício afirmou que não sabia que o filho de Sarney fazia parte da entidade. "Eu tenho o privilégio de não conhecer ninguém da CBF", disse.
Em nota, a CBF afirma que "acompanha todos os debates referentes a temas que afetem diretamente o futebol brasileiro", mas que a entidade se abstém de manifestar qualquer posição "quanto às questões políticas"por respeitar a autonomia do Congresso brasileiro, conforme a Constituição Federal".
A Rede Globo também negou que tenha mandado emissários procurar senadores e, em nota, disse que "são totalmente infundadas quaisquer insinuações de que a Globo agiu ou aja para obstruir a instalação da CPI do Futebol". (com Estadão Conteúdo)
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