TUFÃO - Paolla em cena da série e na breve caminhada (sem Photoshop) em direção à glória. A temperatura do país subiu (Foto: reprodução)
O verão de 1982, ano em que foi ao ar a série
Quem ama não mata, entrou para a história pela moda dos sanduíches naturais. Trinta e três anos depois, um verão que parecia destinado a ser lembrado pelo calor sufocante e pela escassez de água tornou-se, repentinamente, a estação de Paolla Oliveira. A estrela de Felizes para sempre?, adaptação da série de 1982 escrita pelo mesmo Euclydes Marinho, varreu o país como um tufão depois de uma cena em que caminha languidamente na direção de uma varanda, vestida apenas com um fio dental. Assim que a cena foi ao ar, na noite da terça-feira, a imagem do corpaço da atriz de 32 anos virou febre. Foi reproduzida à exaustão em posts e listas na internet e apareceu ao lado de hashtags como “inveja” e “voltando para a academia amanhã”, com o olhar feminino sobre o tema. Melhor deixar de lado os comentários masculinos, ainda mais eloquentes. Nos episódios seguintes da série, a atuação de Paolla como a prostituta Danny Bond seguiu erguendo a temperatura dos lares brasileiros, já bastante abafados.
Euclydes Marinho diz que a garota de programa que encanta o país ganhou corpo a partir de uma longa conversa com uma acompanhante de luxo. Foi ela quem lhe contou que a clientela de casais aumentava em ritmo explosivo, apesar de, na hora H, grande parte deles desistir de levar a brincadeira até o fim. A situação foi reproduzida tal e qual no segundo episódio da série, quando Danny e o empresário Cláudio (Enrique Diaz) falham em convencer a mulher dele, Marília (Maria Fernanda Cândido), a participar de uma noitada a três. “Da forma como aparece na série, essa é a situação mais moderna da trama. Com certeza não acontecia muito em 1982”, diz o autor.
Muita coisa mudou na intimidade dos brasileiros em três décadas. O casal idoso de Quem ama não mata tinha uma vida triste e assexuada. Os sessentões de Felizes para sempre?estão entediados entre si, mas acham sexo e romance fora de casa. Homossexualidade era tabu em 1982. Em 2015, um dos casais da trama é formado pela prostituta Danny e por sua mulher, Daniela (Martha Nowill). Ninguém reclamou. Em 1982, o divórcio causava desconforto. Em Felizes para sempre?, Joel (João Baldasserini) e Suzana (Carolina Abras) anunciam à família que vão se separar para preservar o amor que ainda sentem. O pessoal acha normal. Algo, porém, continua tristemente parecido. Nos anos 1980, homens que matavam suas mulheres escapavam da cadeia alegando “legítima defesa da honra”. Em 2015, a defesa da honra caiu em desuso, mas dados oficiais estimam que na primeira década do século XXI mais de 50 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, uma a cada meia hora. Nem todas, claro, em crimes passionais. Mas certamente ainda existem homens que amam e continuam matando. http://epoca.globo.com/ CRISTINA GRILLO
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