Mais um flagrante da crise na saúde pública de Brasília: um paciente teve que chamar a polícia para ser atendido no maior hospital público da capital. A situação é muito precária: equipamentos velhos, quebrados, e faltam profissionais para receber quem procura a emergência. Os problemas são antigos. E a indignação não é apenas de pacientes e parentes, mas de quem trabalha no hospital.
A equipe do Samu corre para levar o paciente que foi atropelado até a emergência do Hospital de Base, em Brasília. Os enfermeiros tiveram que dar a volta pelo hospital. O motivo: na segunda (23) de manhã o elevador do pronto-socorro não estava funcionando.
“É inadequado. Pela demora, pela gravidade do paciente e pela trepidação”, afirma a enfermeira do Samu Susana Susuki.
Não foi a primeira vez. Cleonice Gomes Pereira conta que a amiga dela, que sofreu um acidente de moto e está internada, teve que esperar por horas na última sexta-feira para ser levada até o segundo andar onde faria uma cirurgia.
A demora também foi por causa dos elevadores parados. “Nós achamos um absurdo, um descaso a saúde chegar a um ponto desses, um caos desse, onde não tem um elevador para atender um paciente de alto risco, uma cirurgia de emergência”, lamenta a funcionária pública.
Fotos tiradas por pacientes e acompanhantes mostram os elevadores interditados. Até segunda (23), dos cinco, quatro estavam parados. E por algumas horas, todos pararam de funcionar. Quem estava internado no pronto-socorro e precisou sair para fazer um exame agendado teve que ser levado pela área externa.
A direção do hospital informou que a equipe de manutenção foi chamada, e que dois dos cinco elevadores estão funcionando.
Mas esse não é o único problema. O Hospital de Base recebe pacientes de toda a região e também de outros estados do país. Só o pronto-socorro tem 160 pessoas internadas em uma área com 124 leitos. De acordo com a direção, há problemas com os aparelhos de ar-condicionado, que estão muito velhos, e faltam técnicos em enfermagem, mas não há carência de médicos.
No último fim de semana, no entanto, Vinícius de Lacerda teve que brigar para conseguir atendimento para o pai, que foi de ambulância do interior do Piauí até Brasília com sintomas de AVC. Na entrada, os atendentes informaram que ele teria que esperar até o chefe de equipe voltar do almoço para autorizar a internação. A maca ficou parada na entrada da emergência.
“O que que é isso aqui? É uma situação normal? Será que ninguém vai fazer nada? Não tem um enfermeiro para atender meu pai? Será que um almoço é mais importante do que a vida de uma pessoa que está precisando de atendimento?”, questionou o professor.
Depois que ele chamou a polícia, o pai foi atendido.
A diretora do hospital, que assumiu há menos de um mês, diz que está apurando o que aconteceu e vai punir o responsável. “Isso foi um erro e nós estamos fazendo tudo para que isso não se repita novamente. O paciente, quando ele chega no hospital, ele deve ser acolhido. A gente tem que ver qual a necessidade dele e, de acordo com a prioridade clínica, ele tem que ser encaminhado para o atendimento”, afirma Ana Patrícia.
A direção do hospital disse que o hospital está cheio porque acaba recebendo pacientes que deveriam ser atendidos em outros centros. E diz que a Secretaria de Saúde está trabalhando para resolver problemas do governo anterior, como as dívidas com as empresas prestadoras de serviço. Foto: Reprodução - Fonte: G1
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