O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira é uma das 64 pessoas (das quais 47 estrangeiros) que estão no corredor da morte por tráfico de drogas na Indonésia. Entre eles há uma inglesa de 58 anos, uma holandesa e dois australianos. Além do brasileiro, outras seis pessoas devem ir para o paredão neste fim de semana.
Uma punição tão rígida contra o tráfico talvez leve muita gente a pensar que, pelo menos na Indonésia, os jovens estão livres das drogas. Não é verdade.
A Indonésia tem tantos problemas de drogas quanto o Brasil – e até piores. Se por aqui há ruas cheias de craqueiros, por lá o problema é o putaw, uma prima pobre da heroína. É comum os jovens a consumirem sobre o teto dos trens superlotados de Jacarta. A dose sair por R$ 12.
O agravante é que o barato dura mais se essa droga for injetada. E seringas entre drogados, sabe como é. O compartilhamento de seringas causa 59% dos casos de Aids na Indonésia, um dos países da Ásia onde a doença avança com mais rapidez. Em algumas prisões (há no país presídios só para traficantes e consumidores) a incidência de Aids chega a 25%.
Como no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a guerra às drogas na Indonésia tem um resultado pequeno e cria uma série de consequências não-intencionais. O cerco da polícia aos traficantes diminui a oferta de drogas, aumentando o preço. O problema é que, como economistas já explicaram há algum tempo, a demanda por drogas é inelástica: não diminui com o preço. Viciados, por definição, consomem mesmo se o preço aumentar. Por isso é comum se prostituírem e cometerem pequenos roubos para bancar o vício.
A morte do brasileiro e outros traficantes neste fim de semana não resolve – e talvez até agrave – o problema de drogas na Indonésia. por BLOG DO MARIO FORTES
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