Leticia Fernandes - O Globo
RIO - Pouco depois da execução do brasileiro Marco Archer, fuzilado na tarde deste sábado na Indonésia, entidades de direitos humanos protestaram contra a decisão do governo asiático de executar seis condenados por tráfico de drogas.
A diretora da Human Rights Watch Brasil, Maria Laura Canineu, lamentou a postura intransigente do governo da Indonésia, que negou todos os pedidos de clemência e extradição feitos pelo governo brasileiro e a defesa de Archer. Ela afirmou que a punição foi “cruel e incoerente”, e que espera que o Brasil passe a liderar a campanha internacional contra a pena de morte:
— A gente vê com muita tristeza e um sentimento de frustração depois de todo o movimento que o Brasil e os outros países fizeram. Houve uma movimento internacional para que a Indonésia voltasse atrás e prorrogasse a efetivação da medida. É muito frustrante e desencorajador também para outros brasileiros e cidadãos respondendo por crimes parecidos.
Maria Laura disse ainda que, apesar de a Indonésia estar no centro das atenções por conta da postura radical do novo governo, ainda há pelo menos vinte países que aplicam a pena capital. E que é dever de países que “sentiram na pele”, como o Brasil, continuarem ativos na luta internacional de direitos humanos:
— É um problema global, uma punição cruel e incoerente. A Indonésia chamou a atenção do Brasil, para o cidadão brasileiro é um caso horrível, a gente não consegue compreender. Mas ainda existem vinte países no mundo que usam a pena de morte. Na China, são mais de mil executados por ano, por outros meios muito violentos, como o enforcamento. É um assunto de impacto global que deve ser resolvido globalmente, é preciso que a ONU e países que sentiram na pele continuem com o compromiusso de abolição de pena de morte. É preciso união.
ANISTIA INTERNACIONAL: ‘GRANDE PASSO EM DIREÇÃO AO ATRASO’
A Anistia Internacional também se posicionou sobre as seis execuções aplicadas neste sábado na Indonésia. Por email, o diretor executivo da entidade de direitos humanos, Atila Roque, disse que o país asiático “dá um grande passo em direção ao atraso”, e que a pena de morte “degrada a justiça” e institui um “estado de barbárie”:
“As seis primeiras execuções das vinte prometidas para 2015 pelo presidente da Indonésia foram levadas a cabo há pouco, apesar dos apelos de governos, organizações internacionais e familiares. O brasileiro Marco Archer entra para história como o primeiro a ser executado no exterior. E a Indonésia dá um grande passo em direção ao atraso. A pena de morte ofende a dignidade humana, degrada a justiça e aproxima o estado da barbárie. Continuaremos a lutar pela sua extinção em todas as circunstâncias”, disse. http://extra.globo.com
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