Ainda não havia amanhecido quando Jennifer Artiga deixou sua casa na cidade dormitório de Guarenas para ir à capital, Caracas, exercer seu novo trabalho: pegar filas. A jovem dona de casa foi uma das primeiras a chegar a uma farmácia à espera de produtos básicos - que têm seus preços congelados e, em consequência, estão escassos na Venezuela.
"Compro o que estiverem vendendo. Tem dia que trazem desodorante e sabão em pó, em outro papel higiênico, fralda descartável. Fico esperando para comprar", disse. Jennifer não tem filhos pequenos e tampouco necessita de oito rolos diários de papel higiênico. Desempregada, ela compra para revender. "Muita gente não pode ficar na fila porque está trabalhando, então eu compro e vendo depois", afirmou a jovem, que chegou antes do caminhão que abastece a loja.
Um pacote grande de fraldas, um dos produtos mais cobiçados nas filas, é comprado por 120 bolívares (cerca de R$ 50 pelo câmbio oficial), mas o valor de revenda pode chegar a até 500 bolívares (R$ 115 no câmbio oficial).
O marido de Jennifer é mototaxista e se encarrega de levar os produtos até sua casa enquanto ela vai para outra fila, em outro mercado. "Assim vamos levando, eu me ajudo e ajudo outras pessoas".
Na linguagem popular venezuelana, Jennifer é uma "bachaquera", nome dado aos "profissionais" das filas que revendem os produtos de preços regulados por valores até cinco vezes mais caros, dependendo da oferta e demanda. A palavra bachaquero vem de bachaco, a formiga tanajura.
De acordo com a consultoria Datanalisis, 65% das pessoas que fazem filas compram a mercadoria para revender. "Sem produtos suficientes e com distribuição subsidiada era evidente que não haveria (produtos) para todos. Levar vantagem nas filas se converteu em uma atividade econômica principal", afirmou à BBC Brasil o economista Luis Vicente León, diretor da Datanalisis. Fonte: Com Informações do G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário