O PSDB, neste momento, são dois. Sobre o muro que já foi uma marca registrada do partido, numa ponta da corda estão o ex-candidato a presidente Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique.
"Se houvesse um Procon da eleição, Dilma deveria devolver o mandato", insistiu na quarta-feira 12 o senador que performou 48,36% disputa presidencial. Ele se mantém adepto da tese do 'estelionato eleitoral'. Ao lado do senador Aloysio Nunes, que foi seu vice, e do deputado Carlos Sampaio, Aécio está à frente da corrente que diz que "não vai ter diálogo nenhum" com o governo federal, na expressão do senador paulista. "Dilma está quebrando o Brasil", completou o ex-presidente Fernando Henrique, no mesmo dia, em palestra em São Paulo.
Mas eles não são os únicos que falam pelo partido. Em Nova York, numa palestra a investidores, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mostrou que os executivos públicos tucanos já têm uma postura bem diferente dos parlamentares e do nome mais representativo da história da legenda.
- Passamos do Brasil mania para o Brasil fobia. Éramos a bola da vez e agora é contrário, vai tudo mal, é um pessimismo total, analisou Alckmin, para completar:
- E isso também não é verdade. A presidente Dilma e o senador Aécio tiveram juntos 110 milhões de votos. Isso dá uma legitimidade que a presidente precisa aproveitar para fazer a reforma política.
Noutras palavras, o governador paulista está optando pela convivência pacífica entre os contrários, o que significa diálogo e respeito. Na semana passada, Dilma recebeu o chefe do Executivo paulista para ouvir projetos contra a crise hídrica no Estado que deverão demandar uma parceria de R$ 3,5 bilhões entre os dois governos. Uma comissão será formada para detalhar o assunto.
Em Goiás, nesta quinta-feira 13 foi a vez do governador Marconi Perillo expressar que os tucanos também devem passar a conviver de modo mais pacífico com o governo federal e, em particular, com a presidente reeleita.
- A relação entre entes federados tem de ser marcada por convergência e cordialidade, definiu Perillo, para marcar com uma frase-chave o seu discurso:
- Governo não faz oposição ao governo, oposição cabe aos partidos e ao Parlamento. Nós, governadores, e Aécio e Serra já foram governadores, sabem como funciona, não dá para deixarmos de lado os interesses dos estados pela questão político-partidária, ensinou.
O dilema do PSDB deve prosseguir por mais tempo, mas não há dúvida de que o convívio entre posições tão antagônicas não poderá durar para sempre. O fiel da balança deverá ser a situação da economia. Caso haja uma retomada do desenvolvimento, a posição dos governadores irá se fortalecer naturalmente. Por outro lado, um quadro de crise econômica dará força para os radicais da legenda.
Enquanto o quadro se mantiver no feitio atual, com ajustes em processamento e estabilidade nos grandes indicadores de emprego, parece que o melhor a fazer seria mesmo não brigar com os fatos e, em lugar de jogar na instabilidade institucional, o PSDB voltar a ocupar o posto de oposição civilizada que por pouco não levou Aécio à Presidência em 26 de outubro passado. O jogo do quanto pior melhor não tem exatamente a cara do partido dos tucanos. Fonte: Brasil 247
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