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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Fiscalize os políticos: Veja aqui 7 ferramentas para fiscalizar

Contra o interesse sazonal dos brasileiros pelo tema política, ferramentas na internet e aplicativos de celular ajudam a monitorar o desempenho de quem você elegeu.
MARINA RIBEIRO

7 ferramentas para ficar de olho na política (Foto: shutterstock)

“Dizer que política, futebol e religião não se discutem é uma falácia”, afirma o professor de sociologia e política do Insper Leandro Consentino. Para ele, as eleições deste ano provaram que é mentira dizer que o brasileiro não se interessa por política, afinal, esse foi um tema central nos últimos meses. O problema seria que no país “a população se interessa pelo tema de dois em dois anos, quando acontecem as eleições. E ainda assim, somente no segundo semestre é que começam as movimentações da população sobre o tema”.

Para Consentino, para que a situação mude é preciso entender que política diz respeito a mais coisas do que só a votação. “Saber que a todo momento há eventos importantes para a política nacional, mesmo que sejam ‘apenas’ votações importantes no Congresso. A gente tem que assistir e fiscalizar tudo isso”. Ele cita movimentações que já acontecem para angariar a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, por exemplo. 

Para evitar que o pique acabe e voltemos ao antigo ciclo vicioso de ficar longe da política, ÉPOCA selecionou algumas ferramentas online que facilitarão a vida de todos para que continuem por dentro do que acontece com os candidatos e dos políticos eleitos quando (quase) ninguém está olhando.

O site Excelências acompanha o dia a dia dos políticos e permite que o eleitor acompanhe o mandato de quem já foi eleito (Foto: Reprodução)

A ONG Transparência Brasil foi pioneira em disponibilizar dados sobre os parlamentares. Segundo a coordenadora da ONG, Natália Paiva, a organização acredita que uma coisa fundamental na democracia é munir-se de informação, com dados confiáveis. “A partir deste ponto central, monitorar a atuação do parlamentar com quem você se identifica. Se você dedicar tempo todo dia, para saber mais sobre seu candidato ou as votações em pauta, já estará mais consciente na hora de votar”, afirmou.

Para isso, o portal Excelências disponibiliza informações sobre todos os congressistas em exercício. Informações sobre faltas, produtividade legislativa, histórico de votos e ocorrências na Justiça e Tribunal de Contas. As informações são retiradas dos sites oficiais do Congresso Nacional e ao menos a cada dois meses a ficha de cada parlamentar é totalmente revista. “Eu acho que se tem uma impressão de que se fala mais sobre isso, mas é necessário que a mobilização seja baseada em informação e informação confiável.”

Câmara dos Deputados leva informações selecionadas até você com o serviço de Boletins Eletrônicos (Foto: Reprodução)

O próprio órgão governamental tenta criar meios de ficar mais transparente e oferece muitas informações e serviços no site oficial da Câmara dos Deputados. Muitos dos dados usados em outras plataformas estão disponíveis, como a biografia, discursos e presença em plenário, posições em votações e projetos apresentados.

Um diferencial é que o cidadão pode se cadastrar em um Boletim Eletrônico e receber quinzenalmente notícias do deputado escolhido em seu e-mail. Atualmente mais de 100 mil internautas fazem uso do sistema, que reúne informações automaticamente em diversos sistemas da casa.

Portal e-Cidadania do Senado Federal permite que o cidadão acompanhe e participe das atividades da Casa (Foto: Divulgação)

No portal do Senado também é possível acompanhar as votações de cada parlamentar e ter mais informações sobre o senador. A página de transparência da Casa também permite opinar sobre temas que deveriam ser discutidos em comissões, propor projetos de leis e fiscalizar a ação dos eleitos, no Portal e-Cidadania.

O Atlas Político também traz os dados públicos de maneira mais compreensível para o eleitor, com gráficos e figuras (Foto: Reprodução)

O site Atlas Político, fundado por dois doutorandos da Universidade de Harvard, pretende ser uma plataforma que seleciona informações relevantes dos sites oficiais e apresentá-las de maneira clara, objetiva e sem viés ideológico. Segundo Thiago Costa, criador do site e doutorando de matemática aplicada na universidade americana, “apesar dos esforços do governo de construir suas plataformas de transparência, os dados são apresentados nessas plataformas de maneira difícil de entender até para quem está acostumado a trabalhar com análise de dados”. Para isso, abusam de gráficos interativos, e informações pessoais e do contato do parlamentar.

A ideia surgiu em junho do ano passado, quando ele e seu colega romeno, Andrei Roman, doutorando em ciência política, estavam no Brasil e observaram os protestos. “O Brasil estava vivendo uma crise de representatividade: as pessoas sabiam pouco sobre a atuação dos políticos e não se sentiam representadas por eles”, afirmou Costa.

Aplicativo Acordei traz informações do portal da Câmara e do Senado disponíveis no celular (Foto: Reprodução)

Também inspirado pelos protestos de junho de 2013, o engenheiro de software Deivison Sporteman criou o aplicativo Acordei. Segundo ele, o interesse por política sempre existiu, mas depois dos protestos, viu que era hora de usar a experiência profissional para criar ferramentas que ajudem as pessoas a entender melhor o tema. As versões para Android eiOS trazem dados sobre os candidatos, suas propostas e gastos de campanha. Com o começo da nova legislatura, o engenheiro planeja novas atualizações. “Já estamos também começando o processo para adicionar uma timeline do político, com projetos votados, faltas, e alguns gráficos comparativos que vão cruzar informações sobre empresas que patrocinaram as eleições e empresas que tem ganhado as licitações”, disse.

O aplicativo Voto a Voto permite que o eleitor envie e-mails para os candidatos eleitos e os avalie (Foto: Reprodução)

Já o aplicativo Voto a Voto pretende combater outro problema comum aos brasileiros: o esquecimento eleitoral. Desenvolvido por uma agência publicitária de Porto Alegre, a ideia é que o aplicativo Voto a Voto não só permitisse que o eleitor lembrasse em quem votou, mas que também facilitasse a relação entre ele e o candidato eleito. Para o idealizador do projeto, o diretor de criação, Eduardo Menezes, a intenção é também tornar a escolha da próxima eleição mais consciente."Se o acompanhamento das atitudes deles servir para que as pessoas votem com mais consciência daqui quatro anos, vou sentir que nosso dever está cumprido”. O app, com versões para Android e iOS, ainda permite que o cidadão entre em contato direto com o político e o avalie, conforme o mandato avançar. Para Menezes, é também uma forma de pensar seu futuro candidato: “Eu não votaria de novo em alguém que não responde meus emails”.

Newsletter incancelável, assim como seu voto, uma decisão que durará quatro anos (Foto: Reprodução)

Na mesma linha, a Newsletter incancelável quer tornar impossível que você se esqueça em quem votou. Após cadastrar os políticos eleitos (ou um político que você queira acompanhar), você receberá um resumo semanal com as principais notícias sobre aquele político. Segundo Natalia Guimarães, gerente de marketing do NewsMonitor, empresa que criou o serviço, acompanhar as atividades dos políticos que elegeu é também uma forma de cobrar as promessas de campanha. “Afinal, política não é apenas feita a cada dois anos pressionando a tecla verde na urna eletrônica. Depois do voto é importante saber o que o candidato está fazendo no exercício do seu cargo”, disse.

Para ela, ficou claro nestas eleições que o povo brasileiro tem se interessado cada vez mais por política e pelos assuntos que dizem respeito ao futuro do país. “Por isso, iniciativas como a nossa e como outras que surgiram no decorrer das eleições são muito interessantes para ajudar os cidadãos a serem mais conscientes e vigilantes. É a tecnologia a serviço da sociedade”, afirmou.

Depois de se informar, não basta ficar com as informações com você, é preciso compartilhá-las. Segundo o professor Leandro Consentino, o ideal é construir uma opinião e levar a discussão para outros locais como igrejas, sindicatos, associações de moradores e outras comunidades. “Sabendo que o que estão discutindo lá no Congresso tem impacto direto na sua vida cotidiana e de seus pares e, por isso, também deve ser abordado pela sociedade”, afirmou.

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