Tão logo o jogo entre Grêmio e Santos teve fim, no último dia 28, a direção do clube gaúcho deixou claro um objetivo que segue até hoje: evitar de toda forma ficar marcado pelos atos de racismo de torcedores. A mancha entraria para história da agremiação e só traria malefícios. Para evitar a chaga, uma organizada foi suspensa, a segurança será reforçada e até uma carta à Fifa foi enviada.
O documento de duas páginas assinado pelo presidente Fábio Koff foi entregue pelo Cônsul do Grêmio em Los Angeles, Daniel Gamba, ao Presidente da Comissão Anti-Racismo e Discriminação da Fifa, Jeffrey Webb. Na carta há explicações sobre a exclusão da Copa do Brasil, citada pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, em manifestação através do Twitter.
Blatter disse que o Brasil deu 'a mensagem correta' contra o racismo. O documento gremista explica que não foi o clube a cometer atos racistas, mas sim um grupo isolado de torcedores. A ideia é dar a Webb e também a Blatter maneiras de analisar a situação e não simplesmente imputar ao Tricolor o rótulo de clube racista.
Nos bastidores, a ação é ainda mais forte. Várias estratégias para controlar as atitudes de torcedores foram feitas. Imagens cedidas à polícia para ajudar na investigação dos atos de injúria racial, proibição dos aficionados entrarem na Arena, suspensão de uma torcida organizada. Todas atitudes com ampla divulgação e objetivo de evitar generalizações. Para os próximos jogos, seguranças se posicionarão entre os torcedores, escondidos, para conter qualquer palavra de cunho discriminatório.
Até mesmo a torcida organizada Geral do Grêmio acabou sendo envolvida na 'limpeza' do nome do Grêmio. Com representantes no Conselho Deliberativo, a organizada foi suspensa, mas mesmo assim segue se manifestando como grupo. E agora, após ter músicas utilizando o termo 'macaco' para se referir ao Internacional cantadas mesmo após os xingamentos ao goleiro Aranha, eles confirmaram que jamais voltarão a usar tais cânticos.
Enquanto isso, campanhas são repetidas jogo após jogo. Contra o Bahia, materiais contra discriminação estiveram nos telões, no 'Guia da Partida', entregue a torcedores e jornalistas, e ainda em uma faixa carregada pelos jogadores. O mesmo ocorrerá contra o Flamengo, neste sábado, fora de casa.
O clube, ainda, manifesta preocupação em relação a possíveis retaliações de outras torcidas contra os gremistas que, em sua maioria, não tiveram nada a ver com as manifestações do duelo do último dia 28. "Temos que cuidar essa repercussão toda", afirmou o assessor de futebol Marcos Chitolina.
O departamento jurídico gremista deu passo importante na tentativa de evitar rótulos. Na sexta-feira, entrou com efeito suspensivo e recurso para paralisação da Copa do Brasil. Se o pedido gremista for deferido, o clube terá pena de exclusão da Copa do Brasil suspensa até segundo julgamento, que será marcado pelo STJD. Além de qualquer sorteio ou demais rodadas da Copa do Brasil 'esperarem' a definição derradeira.
Em meio a um turbilhão fora de campo, o Grêmio joga neste sábado contra o Flamengo, no Rio de Janeiro. O duelo da última rodada do primeiro turno do Brasileirão está marcado para as 18h30.
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