O Governo Federal produziu quatro mil cartilhas para defender, diante da imprensa estrangeira, os gastos públicos com a Copa do Mundo. Metade delas foi feita em inglês e a outra parte em espanhol. Existem também mil em português.
A distribuição do material, de responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e intitulado "O que você precisa saber sobre a Copa do Mundo", é feita nos centros de imprensa dos 12 estádios da Copa do Mundo.
A parte interna da capa traz a afirmação "O que você precisa saber sobre as oportunidades que a Copa traz aos brasileiros", numa clara intenção de combater os protestos contra o gasto de dinheiro público na competição organizada pela Fifa, uma entidade privada.
De acordo com a Secretaria de Imprensa da Presidência, os objetivos da publicação são "esclarecer os investimentos do governo na Copa do Mundo e demonstrar os benefícios do campeonato para o país". Também segundo a secretaria de imprensa, o gasto com o material foi de R$ 8.776,80.
A cartilha de 13 páginas traz números e comparações iguais aos apresentados por Dilma Rousseff no pronunciamento da presidente antes de o Mundial começar. Os dados geraram polêmica, pois a oposição discorda das comparações entre o dinheiro injetado na Copa do Mundo e o investimento federal em educação e saúde nos últimos anos.
Na página que traz o título "Educação e saúde são prioritárias", o governo afirma que entre 2010 e 2014 foram investidos R$ 825 bilhões em educação e saúde. E que "o custo total em estádios desde 2010" é de R$ 8 bilhões. Outra informação é de que foram investidos R$ 17,6 bilhões em infraestrutura relacionada ao mundial.
"Você não pode comparar R$ 30 bilhões de investimentos para uma competição que dura um mês com gasto anual, permanente, em educação. Isso é propaganda enganosa. Eles estão usando a Copa do Mundo para antecipar a campanha eleitoral", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ele não leu a cartilha, mas se baseia no discurso da presidente.
Procurada pelo UOL Esporte, a assessoria de imprensa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) disse que não poderia analisar se a cartilha configura propaganda eleitoral ilegal porque não tem conhecimento dela e não há processo sobre o caso.
O material do governo também exalta as novas arenas usadas no Mundial. Diz que esses estádios impulsionam a indústria do futebol brasileiro. Citando o Governo do Distrito Federal como fonte, a publicação afirma que o novo estádio Mané Garrincha, em Brasília, recebeu em um ano mais que o dobro de público do que o antigo havia abrigado em 36 anos: 737.000 pessoas contra 340.000.
No entanto, a cartilha não cita as obras de infraestrutura que não ficaram prontas para o Mundial e nem as mortes de operários na construção dos estádios.
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