Por Uol Esporte / Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida / Do UOL, em Brasília (DF)
Na próxima segunda-feira, o Brasil enfrenta a seleção de Camarões no estádio Mané Garrincha, em Brasília, na terceira e decisiva partida da primeira fase da Copa do Mundo. E o jogo especial para a capital federal será mais um de frustração e esquecimento para a família do craque que dá nome à arena mais cara do Mundial – mais de R$ 1,7 bilhão.
Sem qualquer lembrança de governo do Distrito Federal ou organizadores da Copa, os familiares de Garrincha seguirão sem conhecer o reformado estádio que chegou a ser alvo de polêmica para não perder o nome do craque das pernas tortas.
"Eu nem estarei aqui na cidade no dia. Não quero ver isso. Não queremos dinheiro, nem nada. Mas custava chamar os familiares do gênio que dá nome ao lugar? Eles nunca foram lá, nem conhecem essa arena enorme. Moram no interior do Rio de Janeiro, são muito humildes e nunca tiveram atenção. Um jogo do Brasil seria histórico", conta Manoelzinho, que era o melhor amigo do "Mané" e hoje preside o Sindicato dos Atletas do Distrito Federal.
Manoel Espiridião é uma das poucas pessoas que ainda mantém contato com os 13 filhos vivos de Mané Garrincha. Conhecido no Distrito Federal, brigou com o poder público para manter o nome do estádio, mas não conseguiu realizar o sonho de ver os familiares do melhor amigo no estádio.
Em nome da família, ele ainda formalizou um ofício e enviou para a CBF solicitando que a entidade intercedesse junto à Fifa para que a família conseguisse ingressos para ver a partida da seleção brasileira.
"Eu ainda fui a alguns jogos, como aquele Flamengo x Santos, mas nada por convite. E agora na Copa, ninguém falou nada. Falei com a Lívia [uma das filhas de Garrincha] há uma semana e ela me contou que esqueceram mesmo. Ninguém nunca chamou para nada. É triste. Sabemos que eles têm condições de trazer uma pessoa que fosse. Não custa nada. É a família de um ídolo, de um cara que ajudou a impulsionar o futebol aqui na região", contou, relembrando as partidas disputadas pelo Mané no Distrito Federal em seu final de carreira.
Em rápido contato com o UOL, Rosângela Santos, uma das filhas do ex-jogador, confirmou que a família nunca foi procurada para qualquer homenagem ou visita à nova arena. E lamentou não poder acompanhar um jogo da seleção na Copa do Mundo no local que homenageia o pai.
O esquecimento é comprovado ainda nas ruas de Brasília. Nas placas colocadas pela Fifa que indicam o caminho para o local, a arena é chamada apenas de Estádio Nacional de Brasília, sem qualquer referência ao ex-camisa 7 de seleção brasileira e Botafogo.
Procurado pela reportagem, o COL (Comitê Organizador Local) não respondeu os questionamentos sobre o assunto.
Já o Governo do Distrito Federal ressaltou que não poderia fazer qualquer convite, já que não recebe cota de ingressos da Fifa.
Também procurada, a CBF informou que não cogitou um convite por entender que essa atribuição seria do COL, que controla acesso e ingressos junto à Fifa. A confederação ainda ressaltou que não deixaria de homenagear um ídolo ou sua família, mas desde que fosse em algum jogo organizado por ela.
Sem qualquer previsão para conhecer o local, os filhos do ex-craque se juntarão aos milhões de brasileiros à frente da TV para mais um jogo em mais um capítulo do esquecimento.
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