A necessidade de recuperar a popularidade perdida após as manifestações de junho fez com que a presidente Dilma Rousseff também resolvesse ir para as ruas. Os estrategistas confirmaram que ela pretende viajar pelo menos duas vezes por semana para entregar realizações e anunciar recursos para obras nos estados. Hoje ela estará em São Bernardo (SP) ao lado do prefeito Luiz Marinho liberando R$ 1,3 bilhão para obras de mobilidade urbana. Amanhã, estará em São João del-Rei (MG) confirmando R$ 1,6 bilhão incluídos no PAC Cidades Históricas e volta a Minas no dia 27 para inaugurar o Centro Cultural do Banco do Brasil, em Belo Horizonte. Na sexta, nova visita a São Paulo, com agenda ainda a ser definida.
Dilma mobilizou seu governo para tirar a poeira das prateleiras e apresentar resultados concretos para a população. Nas últimas duas semanas, a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, reuniu-se com grupos de ministros. Foram 15 na última semana e outros 15 na anterior. Em duas levas, quase toda a Esplanada passou pelo gabinete de Gleisi. Acompanhada do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da ministra do Planejamento, Miriam Belchior - prova irrefutável de que o problema não é falta de verbas-, Gleisi deu um recado claro para seus colegas de Esplanada. "Não percam tempo com ideias que ainda não saíram do papel. Concentrem esforços em entregar o que já foi iniciado. E divulguem o que está sendo feito", comandou ela.
Ao mesmo tempo em que pretende se cacifar - na última semana ela teve uma ligeira melhora, passando para 36% de aprovação -, Dilma quer também ajudar os aliados. A agenda política em São Paulo servirá para melhorar os índices de avaliação do prefeito Fernando Haddad, chamuscados após os protestos de junho contra o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus.
Diferentemente do que desejam o PT e Lula, contudo, ela não vai levar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para todos os eventos. Padilha é o nome escolhido pelo ex-presidente para concorrer ao governo de São Paulo no ano que vem. Mas Dilma quer que ele, antes, viabilize o programa Mais Médicos para só depois pensar em candidatura ao governo estadual.
O Mais Médicos é uma das prioridades do Planalto. A presidente quer profissionais no interior em setembro e um programa viabilizado a partir de junho do ano que vem. A data-limite não é casual. Será o mês da Copa do Mundo no Brasil e o governo tem certeza de que os manifestantes voltarão a lotar as ruas de todo o país para reclamar dos investimentos nos estádios e da ausência de verbas para saúde, educação, segurança e transporte público.
A mobilidade urbana também está no centro das prioridades. Na primeira reunião de Dilma com governadores e prefeitos de capitais, ela anunciou a liberação de R$ 50 bilhões para obras viárias. Os dois primeiros anúncios de recursos beneficiaram apenas aliados - Haddad e Marinho, embora Miriam Belchior tenha se reunido com representantes de diversos estados. Até o momento, os pedidos chegam a R$ 59 bilhões.
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