247 - Antes mesmo de tomar posse como prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, eleito pelo PT, foi alertado por meteorologistas que a maior cidade do País enfrentaria, em 2013, um dos verões mais chuvosos de todos os tempos. Por isso mesmo, no segundo dia de mandato, Haddad anunciou um plano emergencial contra enchentes, que incluía a limpeza intensiva de bocas de lobo em locais de alagamentos recorrentes e o monitoramento constante das áreas de risco. Ontem, bastou uma tempestade de verão para que a maior cidade do País vivesse um fim de tarde e um início de noite caóticos. Carros foram cobertos pelas águas, moradores perderam horas parados e o mais emblemático é que, nos telejornais da noite, não se ouviu uma única declaração do prefeito.
Os alagamentos de ontem não foram os primeiros nem serão os últimos de São Paulo – é provável até que o mesmo cenário se repita no fim de tarde desta sexta-feira. A questão é que, ao assumir, Haddad prometia ter uma solução rápida e barata para o problema. Segundo ele, a prefeitura tomaria – já em janeiro – 16 ações emergenciais, todas de baixo custo. Bocas de lobo e os ramais de águas subterrâneas seriam limpos a cada 15 dias – e não apenas a cada dois meses. "Não havia coordenação dos trabalhos e a primeira medida é coordenar, sobretudo nessa época", disse o prefeito, no dia 2 de janeiro.
Haddad afirmou ainda, naquela ocasião, que há 132 pontos conhecidos de alagamentos em São Paulo. Mas o fato é que, ontem, muitos deles, como a Pompéia, alagaram como sempre. Em janeiro, o prefeito também havia anunciado uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas para monitorar diariamente 93 áreas de risco de São Paulo. Os primeiros meses da gestão, no entanto, foram perdidos por disputas políticas pela ocupação das subprefeituras.
A questão das enchentes é ainda mais sensível porque foi usada por Haddad na campanha eleitoral de 2010. Então candidato, Haddad acusou José Serra de ficar três anos sem fazer a limpeza e a dragagem do rio Tietê.
Resolver o problema das enchentes em São Paulo, evidentemente, não é tarefa simples. Mas se Haddad não começar a mostrar ações concretas, a lua de mel com o eleitorado, numa cidade repleta de problemas, pode acabar mais cedo do que se imaginava.
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