Joelma da Silva Mendes sempre cantou e dançou ao som de batidas de carimbó, merengue, lambada e do próprio calipso, nome que batiza a banda que lidera ao lado do marido, o guitarrista Chimbinha, desde 1999. Mas a paraense de Almerim quer levar a religião para os palcos. Vai lançar um CD de música gospel, “um sonho antigo”, sem abrir mão de novidades como um disco da Banda Calypso voltado para o mercado latino e um filme sobre o casal, tendo Deborah Secco como sua intérprete.
Com média de cincos shows por semana, Joelma conhece bem os aeroportos do Brasil. Mas ela os evita sempre que dá. Ao telefone, a cantora da Calypso parecia irritada por precisar realizar ontem o check-in presencial na companhia aérea pela qual iria viajar, do Recife para Goiânia (GO), onde realiza show hoje. “O Chimbinha não pode fazer por mim? Não é possível que eles não aceitem. É o Chimbinha, todo mundo sabe”.
O que pode soar como estrelismo é, na verdade, trauma. Desde que o avião particular da banda caiu, em 2008, no bairro de San Martin, matando duas pessoas, o grupo só viaja em voos comerciais. “É mais seguro”, diz a loira. Nesta entrevista, ela fala sobre a fé através da música, os dramas pessoais e a convivência com cantoras que admitem ou não a sua influência. (Camila Souza)
entrevista >> Joelma
Paulinha, sua secretária, pediu que eu ligasse após as 10h, porque você costuma acordar tarde...
Você é evangélica?
Nasci em família evangélica. Na minha adolescência, a minha família se afastou, mas assim que montei a Calypso, retornei ao evangelho. Não frequento uma igreja específica. Eu e o Chimbinha levamos a igreja para casa. Recebemos amigos da Renovo, Assembleia de Deus e Igreja Batista.
Você não sofre preconceito por ter carreira artística distante do que a igreja costuma apreciar?
Demais, principalmente por parte dos evangélicos. Falam que eu devo desistir e começar a cantar para Deus, mas eu respondo que canto para Ele. Cantar música gospel sempre foi uma vontade minha. Ao longo desses 14 anos de carreira, tentei incluir, pelo menos, uma música do gênero nos CDs. Para este ano, pretendo reuni-las em um álbum, com mais algumas inéditas (serão sete regravadas e cinco inéditas). Vou soltá-las na internet e gravar o CD ao vivo em um show com os meus fã clubes de São Paulo. Mas será um projeto paralelo.
E o Chimbinha?
Ele também vai tocar um projeto só dele. Faz 16 anos que produziu uma guitarrada. Muita gente que curte vinha cobrando. Mas não tinha tempo, até que o nosso filho, Yago, que também é guitarrista, pediu e ele resolveu atender.
Além de Yago (17), você tem Nathália (23) e Yasmim (8), e, em 2009, engravidou de novo, mas acabou sofrendo um aborto espontâneo. Ainda pretente aumentar a prole?
Lá para os 45 anos, sim (Joelma tem 38 anos). A carreira torna tudo muito corrido. Mais para frente, tentamos. Caso eu não consiga, adoto.
A Calypso planeja um CD em espanhol para 2013. Você domina o idioma?
Estou estudando muito. É verdade que cantar é mais fácil do que falar, já que basta decorar as letras, mas venho me dedicando. A ideia de gravar em outra língua é enveredar pelo diferente. Já fizemos de tudo durante a carreira. Por isso, o CD em espanhol. Ele será produzido em Miami. Chimbinha está acompanhando de perto.
E quanto ao Isso é Calypso - O filme, vocês estão acompanhando o andamento da produção?
Não muito. Depois que aprovamos o roteiro, estamos acompanhando à distância. O que eu sei é que as gravações começam em maio e o filme contará desde a nossa infãncia. A princípio, não vamos aparecer e ainda não ficou definido quem vai interpretar o Chimbinha. O Bruno Gagliasso desistiu por causa de incompatibilidade de agenda, mas a Deborah Secco já está nos acompanhando em shows. Ela visitou a minha casa e, mês que vem, viajará com a gente.
No Recife, a Musa do Calypso disse ter se inspirado em você, fato que já foi dito por muitas outras artistas. Como você enxerga servir de referência para os outros?
Uma responsabilidade imensa, mas artista é isso. Tudo o que eu faço e falo é referência para as pessoas. Sou um modelo. Por isso tenho tanto cuidado com o que eu coloco nas minhas letras e faço no palco. É delicado, mas gratificante.
Você tem contato com artistas do Pará, como Gaby Amarantos?
Não tenho nenhuma aproximação com ela. Na verdade, como estou morando há mais de dez anos fora, não tenho contato com os artistas de lá. A única com que nós temos proximidade é a Lia Sophia (artista de MPB). Ela, inclusive, já cantou com a gente, é linda e muito talentosa.
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