A campanha do candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, está investindo maciçamente em carros de som como forma de propaganda. Além de tentar tornar o candidato conhecido, essa estratégia contorna um problema verificado pelo Estadão.com.br nas periferias e já identificado em pesquisas qualitativas de candidatos: a dificuldade de eleitores das regiões mais pobres em ler e pronunciar o nome Haddad. A assessoria do petista negou que tenha contratado os carros também por este motivo.
A reportagem do Estadão.com.br percorreu os bairros do Tremembé e Brasilândia, na zona norte da cidade, Itaquera e Cidade Tiradentes, no extremo leste. Pediu para que 36 pessoas lessem o nome do candidato em uma folha. Apenas seis delas pronunciaram igual ao veiculado na propaganda oficial do candidato. Esse fator acaba se tornando um empecilho para a chamada propaganda boca a boca.
O mais comum é as pessoas pronunciarem o H como R, dizendo "Raddad". Na campanha oficial o H é mudo. Mas teve quem falasse "Adida", "Haddat", Hadda", "harddad e "hadadad". Alguns entrevistados, com medo de errar, preferiram não dizer o nome. "Li essa palavra em uma placa ali atrás, mas não entendi como fala", comentou a cozinheira Cristina Rocha, de 61 anos, em Itaquera.
A assessoria do petista informou que o uso de carros de som é um recurso utilizado em todas as eleições e por todos os candidatos, e que não identificou nem considera que haja esta dificuldade por parte do eleitorado.
Segundo a primeira prestação de contas do candidato divulgada pelo Superior Tribunal de Justiça (TSE), R$ 2,845 milhões foram informados como despesas contratadas para publicidade com carros de som, o maior valor empenhado pelo PT para a campanha para a prefeitura de São Paulo. Outro recurso utilizado nas periferias foram as placas com a imagem de Haddad ao lado do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff.
Primeiro nome. Não é a primeira vez que um candidato usa a publicidade para contornar a dificuldade de pronúncia de seu nome por parte do eleitorado. Na campanha para presidente de 2006, o então candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, usava apenas o primeiro nome nas propagandas oficiais.
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